Versos
A Taturana (Riva Liberman)
Taturana está faminta
Com mil pernas anda aflita
Verdes folhas logo avista
Não há nada que resista.
Chega a elas devagar
Devagar vai devorando
Come uma, come duas
Come todas, engordando.
Grande sono vai sentindo
Olha a luz no seu brilhar
Quer também como a luz
Linda veste encontrar.
Tece, tece lentamente
Seu casulo delicado
Escondendo seu segredo
No escuro encantado.
Fios de ouro a fiar
Nessa tarefa tão pura
Onde agora vai dormir
Em sua casa tão escura.
Guarda em ti o seu espírito
Transformando o seu corpo
Num trabalho bem profundo
Em seu sono tão fecundo.
Chuva, sol, vento e calor
Nada a pode penetrar
Só em si, no seu dormir
Encontra força a iluminar.
Descansa lá dentro
Pequeno bichinho
Seu sono é tão denso,
Tão forte, tão fundo!
Parece até
Que morreu para o mundo!
Num dia bem claro,
Acorda de repente
A luz do sol
O chama insistente.
Garras e patas,
Pernas e pés
Asas ligeiras
Suas forças
Arrebentara cadeias.
Quebra sua casa
Rasga janelas
Abre um buraco
E sai para o espaço.
O sol aquece suas asas
a nova borboleta
Abre como flor
Suas asas são feitas de cor.
Só gosta do sol
Linda borboleta
Beija o jasmim
E voa na luz sem fim
Que banha o meu jardim.