Histórias
A Vela (Leon N. Tolstoi)
Era uma época em que ainda existiam escravos e senhores. A estória se passou na Rússia. Os senhores eram de diferentes tipos: uns tratavam bem seus escravos, porém outros eram desumanos e cruéis, mandando açoitá-los por qualquer motivo, além de mantê-los prisioneiros.
Havia um certo senhor que possuía uma grande fazenda com gado, lagos, florestas, plantações imensas etc., etc.
Certa vez, ele foi até uma fazenda vizinha e trouxe um escravo para ser seu administrador. Os escravos pensaram...” queira Deus que nossas vidas melhorem, pois sendo ele um escravo terá consideração por nós e nos compreenderá...”
Porém, isto não aconteceu, ao contrário. Como ele nunca havia tipo o poder, não soube exercer esta autoridade e com excessiva maldade e ganância começou a executar sua função de administrador.
Ele instituiu trabalho também aos domingos, pois tendo construído uma olaria, desejava que esta lhe desse bons lucros a qualquer custo.
Algumas pessoas foram se queixar ao patrão, mas este preferiu deixar as coisas como estavam. Não queria se aborrecer.
Quando o administrador soube do acontecido ficou furioso e iniciou uma verdadeira perseguição aos subordinados. Tornou-se o “Temido” por todos, pelas maldades e crueldades.
Começou então um sentimento de desassossegado, uma insatisfação crescente, uma revolta contra o administrador cruel, que não respeitava os seres humanos e seus direitos.
Alguns chegaram a pensar em matá-lo, “Será que seria pecado tirar a vida de um homem tão cruel?! Seria um crime contra Deus?! Até parecia que seria um favor para todos os escravos..., seria até possível que Deus os perdoasse... “assim pensavam muitos escravos.
Estavam na Quaresma e a Páscoa já se aproximava.
Certa noite surgiu o administrador na colônia, gritando e gesticulando furioso...
-“Quem abateu aquele carvalho acolá? Quem foi?! Se não acusarem eu mandarei açoitar todos... respondam?! Já. Quem é o responsável por aquilo?”
-“Sidor” sussurram alguns homens apavorados...
De repente o administrador desceu do cavalo, esbofeteou um homem, deu-lhe um tremendo soco quebrando-lhe o maxilar e chicoteou-o.
Por quê? Todos estavam assustados...
Simplesmente porque o monte de gravetos para o fogo era muito pequeno.
Diante dos olhares indignos de tantos escravos.
(Texto extraído da revista NÓS, da Escola Walforf Rudolf Steiner, em São Paulo – Época de Páscoa 2006 - Tradução livre de Monica Von Beckendorff)