Histórias
O Coelho da Lua (Tradição Hindu)
(Tradição Hindu)
Era uma vez três coelhinhos que viviam em três cavernas do Himalaia, onde levavam uma vida inteiramente dedicada a Deus.
Diariamente rezavam a Deus, pois seu maior desejo, era entrar no reino do céu.
O primeiro coelho tinha um pêlo marrom; o segundo tinha uma mancha branca no pêlo marrom, e o terceiro, que se chamava “Nevo”, tinha o pêlo completamente branco.
Os três coelhos amavam-se muito e, o que um fazia, os outros faziam também.
Mesmo estando absorvidos por suas orações durante todo o dia, tinham que procurar alimentos para não morrerem de fome.
Assim, passaram-se muitos anos. Moravam bem perto um do outro, e estavam sempre voltados a Deus. Até que, finalmente, suas orações chegaram aos ouvidos de Deus e Ele decidiu recompensar tanta dedicação. E, apesar de Deus conhecer bem o coração dos coelhos, ainda quis pô-los à prova.
Assim, Deus-Pai chamou a Lua, cujo nome era Chandra, e disse:
- Como você só precisa brilhar no céu à meia-noite, dirija-se antes às montanhas do Himalaia e lá, visite os três coelhinhos. Peça a cada um, um pouco de comida. Depois que terminar a visita, volte a mim e relate o que viu.
A Lua obedeceu e visitou em primeiro lugar o coelho marrom.
Este preparou o seu jantar e viu Chandra chegar à porta de sua caverna. Muito feliz pela visita convidou-a para entrar e compartilhar de sua refeição. Mais tarde a Lua agradeceu e procurou o segundo coelho.
Quando este ouviu alguém se aproximar, exclamou alegre: - Bem vindo amigo! — e após ouvir o pedido da Lua disse:
- Com todo prazer saciarei a sua fome, mas deve desculpar a minha demora, pois hoje fiquei absorvido nas minhas orações e esqueci de sair à procura de alimentos.
Espere um pouco que lhe servirei uma refeição. Após ter procurado alimentos, não se serviu de nada, deixando tudo para o hóspede, a Lua.
Por último, Chandra dirigiu-se até a caverna do coelho branco chamando, “Nevo”.
Bateu, inutilmente por muito tempo, à porta da caverna do coelho branco, que estava mergulhado em profunda meditação e demorou a sair da caverna para cumprimentar a Lua.
- Procuro alguém que possa me dar alguma coisa para comer, disse Chandra. Após longa caminhada pelos campos gelados das montanhas, estou com muita fome.
Descanse minha querida, pediu “Nevo”, enquanto vejo o que posso servir-lhe.
De bom grado a Lua aceitou o convite e sentou-se no chão da caverna, pois não havia nem cadeira, nem cama para um descanso.
A Lua sentiu-se muito bem na caverna do coelho “Nevo”, pois o ar era fresco e ameno.
Enquanto isto, o coelho revistava a sua dispensa. Mas, que susto!
Há dias o coelho não procurava mais alimentos, por estar profundamente absorvido em suas orações.
O coelho sentiu-se muito triste por não poder oferecer algo à tua visita, pois Deus sempre considerou uma das primeiras obrigações de todos, receber bem os viajantes. Sentou-se para pensar e depois, voltou à estrada de sua caverna, onde Chandra já o esperava impacientemente, pois já era tarde e ela precisava voltar para ao céu.
- Querida Lua — disse o coelho “Nevo” - não seja impaciente, vou acender o fogo para você se aquecer e logo lhe servirei algo para jantar.
Após acender o fogo o coelho disse:
- Como não tenho nada em casa para comer e não quero falhar em uma das mais importantes leis divinas, desejo oferecer-me a você como alimento.
E, antes que Chandra, a lua, pudesse impedi-lo, jogou-se na fogueira.
Assustada com o que vivenciara, Chandra voltou ao céu, dirigindo-se ao trono de Deus-Pai para relatar tudo o que aconteceu.
Mas como foi grande a sua surpresa ao avistar, no colo de Deus-Pai, um coelho branco como a neve, irradiando maravilhosa luz.