Textos Rudolf Steiner
A festa pentecostal do confluir anímico da espiritualização do mundo (primeira palestra)
A verdade dos gnomos, ondinas, silfos e salamandras
1º palestra, Colônia, 7 de junho de 1908
Rudolf Steiner
Em diversas ocasiões já foi dada a ênfase, que aquele desenvolvimento espiritual que é almejado pelo movimento cientifico-espiritual, tem que cevar o homem a um relacionamento vivo com todo o mundo ambiente. Muitas coisas do mundo ambiente que ainda preenchiam nossos antepassados com devoção, se tornaram mortas e sóbrias para o homem. Por ex. um grande número de pessoas se confronta com as festas anuais de forma fria e estranha. Principalmente as pessoas citadinas têm apenas uma vaga lembrança do significado das festas de natal, páscoa ou pentecostes.
Aquele grande preenchimento de sentimentos que unia nossos antepassados às épocas das festas, que tinham, por saberem do relacionamento entre os grandes fatos do mundo espiritual, a humanidade de hoje não tem mais. De forma fria e sombria, os homens de hoje se situam perante a festa natalina, a festa pascoal, e principalmente perante a festa pentecostal. O fluir do espírito vindo de cima se tornou um acontecimento abstrato para a humanidade de hoje. Mas isto só vai se modificar, vai se tornar vida e verdade, quando os homens chegarem a um reconhecimento verdadeiro espiritual do Mundo todo.
Hoje em dia fala-se muito em forças da natureza, mas fala-se muito pouco sobre seres que se situam por detrás das forças da natureza. Quando se fala de seres da natureza, o homem atual fala de um requentamento de uma superstição antiga. Aquelas palavras que nossos antepassados usavam baseando-se sobre uma realidade quando alguém afirma que gnomos, ondinas, silfos e salamandras têm um significado real, - são todas como superstição. As teorias representações que as pessoas têm, são até certo grau, sem importância. Mas quando estas pessoas são induzidas por estas teorias a não ver certas coisas, e aplicam estas teorias na vida prática, então a coisa começa a assumir sua importância plena.
Vamos pegar um exemplo grotesco. Quem é que acredita em seres que têm existência ligada ao ar ou são incorporados na água? Se por exemplo alguém diz: ”Nossos antepassados acreditavam em certos seres, em gnomos, ondinas, silfos e salamandras, mas tudo isto são coisas fantasiosas.” Gostaria de responder: “Pergunte às abelhas.” E se estas teriam condições de falar, responderiam: “Para nós os silfos não são superstição, porque sabemos muito bem o que devemos aos silfos!” e aquele cujo olhar espiritual está aberto, pode seguir a força que leva a abelha até a flor. Instinto, impulso natural, são palavras vazias que os homens usam como resposta. São seres, que levam as abelhas ao cálice da flor para que possam procurar lá seu alimento. Em toda a colméia que sai a procura de alimento, estão ativos seres que eram denominados por nossos antepassados de silfos.
Em todo lugar onde diferentes reinos da natureza se tocam, é oferecida uma situação onde certos seres se podem revelar. Por exemplo, na profundeza da terra onde a pedra se toca com os veios de metal, estão assentados estes seres. Onde o animal e o vegetal se tocam, na corola das flores, no tocar da abelha com a flor, se incorporam certos seres, e o mesmo se dá onde o homem se toca com o reino animal. Isto não acontece num tocar comum, quando por exemplo o matador mata o gado ou quando o homem come a carne do animal, não é no decorrer normal da vida que esta situação é criada.
E no acontecimento fora do normal (superficial?) como na abelha e a flor que se tocam os reinos dentro de um excesso de vida, que estes seres se incorporam. Em especial lá onde o sentimento do homem, seu intelecto, se engajam de forma especial no convívio com os animais, como por exemplo no relacionamento do pastor com suas ovelhas, num relacionamento através do sentir é que tais seres se incorporam.
Tais relacionamentos mais íntimos entre o homem e o animal, vamos encontrar com mais freqüência quando retrocedemos aos velhos tempos. Nas épocas das culturas primitivas encontramos com mais freqüência um tal relacionamento como o árabe tem com seu cavalo, não como o dono de um haras o tem com seus cavalos. Aqui encontramos as formas de índole que fluem de reino para reino, assim como o é o pastor e suas ovelhas. Ou onde são desenvolvidas forças de olfato e paladar que interagem como na abelha e a flor, é criada a possibilidade para que seres específicos se possam incorporar. Quando a abelha suga na flor, o clarividente observa como se forma uma pequena aura em torno da flor. Isto é o efeito do paladar, pois a picada da abelha no cálice da flor se tornou uma certa forma de paladar, - a abelha sente o gosto – e irradia em torno da flor algo como uma ura que é o alimento para seres da categoria dos silfos. Da mesma forma, o elemento do sentimento que surge entre pastor e ovelhas, é alimento para salamandras.
Esta pergunta, por exemplo, não é válida para aqueles que compreendem o mundo espiritual. Porque é que os seres se apresentam só aqui e não em outro lugar? Não devemos perguntar pela origem, pois esta reside no cosmos, mas quando se apresenta uma situação que lhes sirva de alimento, então estes seres se mostram presentes. Os maus pensamentos que são exalados por homens, por exemplo, atraem seres maus para dentro da aura do homem, onde encontramos seu alimento. Desta forma, certos seres se incorporam em sua aura.
Em todo lugar onde dois reinos se tocam é dada a oportunidade para que certos seres se incorporem. Onde o metal se amalga à pedra, no interior da terra, o vidente vê vários lugares, onde o mineiro corta o reino da terra, seres acocorados e exprimidos num monte, dentro de um espaço muito apertado. Quando a terra é retirada, eles se dispersam, chispam para fora, desfazendo o monte. São seres estranhos que têm por exemplo certa aparência com o homem. Eles não têm um corpo físico, mas têm um intelecto. Só que a diferença entre estes seres e o homem está no fato deles terem um intelecto sem senso de responsabilidade. Por isto eles também não têm o sentimento de estarem errados ao pregarem uma peça ao homem.
Estes seres chamam-se gnomos, e um grande número deles, de diferentes espécies, se hospedam na terra, estando em casa lá onde a pedra toca o metal. Nas minas antigas eles foram muito servis dos homens, não nas minas de carvão, mas nas minas de minérios. A mineira que na antiguidade as minas eram construídas, o conhecimento de como se situam as camadas, eram adquiridos por intermédio destes seres. Estes seres conheciam os melhores veios, sabiam de como se situavam as diversas camadas no interior da terra e portanto podiam das as melhores indicações para a forma de trabalhar. Se não quisermos trabalhar em conjunto com estes seres espirituais, só nos apoiamos sobre o sensorial, acabaremos entrando num beco sem saída. É necessário que se aprenda destes seres espirituais um método certo para se pesquisar a terra.
Da mesma forma, existe uma incorporação nas minas de água. Onde a pedra toca a fonte, se incorporam seres que estão ligados ao elemento água, as ondinas. Lá onde o animal e a flor se tocam, os silfos estão atuando. Os silfos são ligados ao elemento ar e guiam as abelhas para as flores. E graças às tradições antigas que temos quase todos os conhecimentos sobre a apicultura, e é justamente na apicultura que podemos aprender muito deles. O que existe hoje na ciência sobre abelhas, é permeado por um equívoco total, e é por esse motivo que a velha sabedoria que se manteve através de tradições é deturpada. Aqui a ciência se mostra como algo inapta. São de utilidade, os manuseios cujas origens são desconhecidas, porque naquela época o homem era guiado pelas indicações de seres espirituais.
As salamandras são conhecidas também pelo homem atual, pois quando alguém diz: “Alguma coisa flui para mim, eu não sei de onde” então isto é geralmente a atuação das salamandras.
Quando o homem tem um relacionamento íntimo com os animais como o pastor com suas ovelhas, então lhe são sussurrados os conhecimentos por seres que vivem em seu meio ambiente. O conhecimento do pastor sobre seu rebanho e suas ovelhas lhe foi sussurrados pelas salamandras do seu meio ambiente. Estes velhos conhecimentos sumiram hoje em dia e devem ser readquiridos por um conhecimento oculto bem examinado.
Se continuarmos raciocinando nesta linha de pensamentos, então temos que nos dizer: Somos totalmente envolvidos por seres espirituais. Andamos através do ar, e isto não é apenas uma substância química, porém cada brisa de ar, cada corrente de ar é uma revelação de seres espirituais. Somos envoltos e totalmente permeados por estes seres espirituais, e se o homem não quiser vivenciar no futuro um destino triste e ressecante terá que adquirir um conhecimento daquilo que vive em seu redor. Sem este conhecimento ele não poderá mais chegar muito longe. O homem tem que se perguntar de onde se originam estes seres e de onde provêm estes seres.
Esta pergunta nos leva a um conhecimento muito importante e para termos uma opinião a respeito, temos que (nos) esclarecer como se desenrolam certos fatos em mundos superiores, onde por determinadas forças, aquilo que é prejudicial e mal é transformado para o bem por uma direção sábia.
Vamos pegar, por exemplo, restos, esterco que é jogado e aproveitado sabiamente pela economia como base para a germinação posterior. Coisas que aparentemente se desligaram de algo mais evoluído, são abarcadas e transformadas por forças superiores. Isto se mostra claramente nos seres dos quais falamos, e o (re) conhecemos de forma especial quando pesquisamos a origem destes seres.
Como surgem estes seres salamandras? Vamos pesquisá-lo agora. Salamandras são seres que necessitam um determinado relacionamento entre homens e animais, que não têm um Eu assim como os homens. Um Eu destes só existe na Terra, no homem atual. Estes Eus humanos são assim, que cada homem tem um Eu inserido em si. Nos animais é diferente. Os animais têm um Eu grupal, uma alma grupal. O que significa isto? Um grupo de animais da mesma forma, da mesma espécie tem um Eu conjunto. Por exemplo, todos os leões têm um Eu comum, todos os tigres, todos os
Lúcios (peixe-hecht).
Os animais têm o seu Eu no mundo astral. É assim, como se o homem estivesse atrás de uma parede com dez furos e enfiasse seus dez dedos nestes furos. O homem portanto não é visível, mas qualquer pessoa capaz de raciocinar, irá deduzir que ali atrás existe um poder central ao qual pertencem estes dez dedos. É a mesma coisa com o Eu grupal.
Os animais individuais são apenas membros e aquilo ao que pertencem, está no mundo astral. Estes Eus animais não são parecidos ao homem, apesar que podem ser comparados de um ponto de vista espiritual, porque um Eu grupal de um animal é um ser muito, muito sábio. O homem com sua alma individual está muito distante desta sabedoria. É só pensar em certas espécies de aves. Quão grande sabedoria é esta que as faz voar numa determinada altura para uma determinada direção, para fugir do inverno, na primavera elas voltam ao mesmo lugar por outro caminho. Neste vôo das aves reconhecemos as forças sábias do Eu grupal. Podemos encontrá-la em toda a parte no reino animal.
Os homens são bastante mesquinhos sob este aspecto, quando observamos a evolução humana. Lembremo-nos da época escolar, quando aprendemos quão lentamente surgiram na idade média às correntes desta época nova. É certo que a idade média nos pode mostrar coisas significativas, como o descobrimento da América, a descoberta da pólvora, a arte da imprensa e finalmente também o papel (de linho). Certamente foi uma grande evolução em se poder usar este produto no lugar do pergaminho. Mas a alma grupal das vespas já produziu o mesmo a milênios, pois a casa das vespas é feita do mesmo material com que o homem produz o papel; é composto por papel.
O homem só vai descobrir lentamente como certas combinações que ele faz em seu espírito têm relação com aquilo que as almas grupais já trouxeram para dentro do Mundo.
As almas grupais estão em constante movimento. O vidente vê acompanhando a espinha dorsal do animal, um flamejar constante. A medula espinal é como que envolta por um luzir flamejante. Os animais são permeados por correntes que passam por toda a terra em todas as direções, em número infinito e que atuam sobre o animal ao refluir em torno da medula espinal. Estas almas grupais dos animais estão sempre em movimentos circulares em todas as direções e alturas. As almas grupais são muito sábias, mas uma coisa lhes falta, é aquilo que na terra é denominado de amor. O amor só existe no homem unido à sabedoria dentro de sua individualidade.
A alma grupal é sábia, mas o amor só existe no animal individual como amor sexual e amor paternal. No animal individual há o amor, mas a ordem sábia, a sabedoria do Eu grupal ainda é isenta do amor. O homem tem o amor e a sabedoria unidos, enquanto que o animal tem o amor na existência física e a sabedoria no plano astral. Com este reconhecimento vão se tornar claras para o homem muitas coisas.
O homem, porém, chegou muito lentamente ao seu Eu atual. Antigamente o homem também tinha um Eu grupal e só paulatinamente a alma individual se desenvolveu a partir dele. Vamos percorrer uma vez a evolução da humanidade retroativamente até a antiga Atlântida. Antigamente o homem vivia na Atlântida, um continente que agora está encoberto pelo Oceano Atlântico. Naquela época as grandes planícies da Sibéria eram cobertos por grandes mares. O Mar Mediterrâneo era distribuído de forma bem diferente naquela época. Também em nossas regiões européias existiam vastos mares. Quanto mais retrocedermos na época atlântica, tanto mais se modificam a situação do estado de vigília e do estado de sono do homem.
Atualmente, quando o homem dorme, fica sobre a cama o corpo físico com o corpo etérico. O corpo astral e o Eu se desprendem, a consciência escurece, tudo fica escuro e mudo. Na época da Atlântica a diferença ainda não era tão grande. No estado desperto, o homem ainda não via delimitações tão compactas, margens tão definidas cores tão ligadas aos objetos. Quando acordava de manhã ele entrava como numa neblina. Não havia uma nitidez mais clara do que temos hoje, quando vemos através da neblina uma luz com sua aura. Em compensação, sua consciência não se obscurecia tanto no sono e ele via as coisas espirituais.
No desenvolvimento do homem, o mundo físico foi adquirindo sempre mais contornos, mas em compensação o homem foi perdendo sua clarividência. A diferenciação foi se tornando cada vez maior. Lá em cima, no mundo espiritual foi ficando cada vez mais escuro e em baixo no mundo físico cada vez mais claro. Daquela época, em que o homem ainda tinha percepção lá em cima, no mundo astral, é que se originam todos os mitos e sagas. Quando ele chegava lá em cima, ao mundo espiritual, chegava a conhecer Votan, Tor, Baldur e Loki e mais seres que ainda não haviam descido ao plano físico. Eram estas as vivências de antigamente, e todos os mitos são lembranças de verdades vivas.
Todas as mitologias são tais lembranças. Estas verdades simplesmente se perderam para o homem. quando naquela época o homem imergia de manhã em seu corpo físico, tinha o seguinte sentimento: Você é um solitário, um único, - mas quando de noite voltava ao mundo espiritual era assolado pelo pensamento: - Você não é um solitário, você apenas é um membro de um grande todo, você pertence a uma grande comunidade.
Tácito ainda conta, que os povos antigos, os hérules, os queruscos, se sentiam mais como uma tribo do que como homens individuais. É deste sentimento, de que o indivíduo pertence ao grupo tribal, se contava como pertencente à sociedade grupal, que se originam certos hábitos como a vingança mortal. Tudo era um corpo que pertencia a alma grupal da tribo. Na evolução tudo acontece gradativamente. Desta consciência grupal, tribal absoluta, foi se desenvolvendo gradativamente a consciência individual.
Também nos relatos das épocas patriarcais, ainda temos restos da transição da alma grupal para a alma individual. Antes da época de Noé, a memória era bem diferente. Ela atingia os atos feitos pelo pai, pelo avô, pelo bisavô. O limiar do nascimento não era um limite. A memória continuava fluindo no mesmo sangue até gerações longínquas dos antepassados. Hoje as autoridades querem saber o nome do indivíduo. Naquela época em que o homem ainda tinha na memória os feitos de seu pai, seu avô, tudo era unido em um único nome comum. O que naquela época tinha uma correlação pelo mesmo sangue e da mesma memória era denominado como uma unidade. Chamava-se isto de “Adão” ou “Noé”. Nomes como Adão e Noé não significam uma vida entre nascimento e morte de uma pessoa, mas sim uma corrente de memórias que viviam no tempo. Os nomes antigos abrangem toda uma comunidade humana que vive num espaço de tempo.
Como é então, se nós compararmos certos seres como os macacos primatas com o homem? A grande diferença é que o macaco tem uma alma grupal e o homem uma alma individual, ou pelo menos a tendência para a desenvolver. A alma grupal dos macacos se encontra numa situação especial.
Imaginemo-nos a terra (é feito um desenho). Acima, no mundo astral flutuam, como nuvem, as almas grupais dos animais que se espalham por nosso mundo físico. Peguemos o Eu grupal do leão e o Eu grupal do macaco. Cada leão é um membro dentro do qual a alma grupal deixa fluir parte de sua substância. Quando morre um leão, o físico exterior se desprende da alma grupal, como uma unha do ser humano. A alma grupal busca de volta o que tinha deixado fluir para dentro dele e o dá para um leão recém-nascido. a alma grupal fica lá em cima e estende para baixo tentáculos que se solidificam no físico, depois se desprendem e são repostos.
Por esse motivo, a alma grupal não conhece nascimento e morte. Cada animal é algo que se desprende e nasce, mas a alma grupal não é tocada por vida ou morte. Para os leões é assim, que cada vez que um leão morre, todo o que foi enviado pela alma grupal volta a ela. Mas com o macaco não é bem assim. Existem alguns animais que arrancam algo da alma grupal, que depois não volta mais. Quando um macaco morre, uma parte essencial volta para a alma grupal, mas uma parte é desprendida dela. O macaco solidifica demais aquilo que é enviado, e quando ele morre, uma parte se desprende da alma grupal, de forma que uma parte se desliga dela e não volta mais. Desta forma acontecem desprendimentos da alma grupal. Em todas as espécies de macacos acontecem desprendimentos da alma grupal.
Da forma idêntica, encontramos estes mesmos fatos em alguns anfíbios, em certas espécies de aves e de forma bem marcante nos cangurus. Através destes desligamentos, fica uma sombra de substância da alma grupal, e aquilo que sobra dos animais de sangue quente, desta forma se torna um ser elementar, um espírito da natureza, a salamandra. Estes seres elementares, estes espíritos da natureza, são portanto resíduos, produtos residuais, desligados de mundos superiores, que são empregados por entidades superiores. Se ficassem sem direção iriam perturbar o cosmos. Desta forma a sabedoria suprema dirige por exemplo os silfos para que guiem as abelhas para as flores. Assim o grande exército dos seres elementares está sob a elevada direção sábia para transformar suas atividades maléficas em atividades produtivas.
É assim que as coisas acontecem nos reinos que estão abaixo dos homens. Não pode acontecer também que o próprio homem desliga de sua alma grupal e não tem possibilidade de continuar se desenvolvendo como alma individual, pois enquanto era membro de sua alma grupal, era guiado e dirigido por seres mais elevados, e posteriormente é entregue à sua própria direção. Se o homem não absorve determinados conhecimentos espirituais, ele corre o perigo de se desligar. E isto sussita uma questão.
O que é então que preserva o homem do desligamento, do estar perdido sem direção e rumo, enquanto que antigamente lhe era dado a direção pela alma grupal espiritual? Tem que nos ficar claro que o homem tende a individualizar cada vez mais, e que no futuro ele terá que encontrar, cada vez mais, voluntariamente, a união com outras pessoas. Antigamente o relacionamento existia através da consangüinidade, através de tribos e raças. Mas esta ligação está se desfazendo cada vez mais. Tudo no homem vai em direção de torná-lo um homem individual. Agora só é possível andarmos um caminho contrário. Imaginem-se um número de pessoas sobre a terra, que se dizem: Nós vamos trilhar os nossos próprios caminhos, queremos encontrar a direção e a meta do caminho em nosso interior, estamos todos a caminho de nos tornarmos homens individuais. - Aqui reside o perigo da desunião (dispersão).
Agora os homens já nem mais aturam coesões (uniões, fusões) espirituais. Hoje já vamos tão longe, que cada um tem sua religião própria, e coloca sua opinião como o ideal mais elevado. Mas se os homens interiorizam seus ideais, serão levados a um consenso, a uma opinião comum. Reconhecemos interiormente que 3X3=9, ou que a soma dos três ângulos de um triângulo é igual a 180º. Isto é um reconhecimento interior. Não é necessário fazer julgamento sobre reconhecimentos interiores, não existem divergências de opiniões sobre reconhecimentos interiores, eles levam à união. Todas as verdades espirituais são desta espécie. O que é ensinado ao homem pela ciência espiritual, ele encontrará através de suas forças interiores e estas o levarão para a concórdia, para a paz e a harmonia. Não existem duas opiniões sobre uma verdade sem que uma esteja errada. O ideal é a interiorização máxima que leva em direção à (união) concórdia, à paz.
Primeiro existia uma alma grupal. Depois, a humanidade no passado foi liberada (superou) da alma de grupo/grupal. Mas para o futuro da evolução humana é necessário propor uma meta definida, a qual ela persegue. Quando homens se unem em sabedoria superior, então desce dos mundos superiores novamente uma alma grupal – se das comunidades naturalmente ligadas surgem comunidades livres. O que é desejado pelos dirigentes do movimento da ciência espiritual, é que nele encontremos uma sociedade, na qual os corações fiquem em direção à sabedoria, assim como as plantas anseiam pela luz do sol. Onde a verdade comum une os diversos Eus, damos oportunidade à alma grupal à descida. Nós criamos, de certa forma o berço, o ambiente no qual a alma grupal pode-se encarnar. Os homens enriquecerão a vida terrena ao desenvolver algo, que permita a descida de entidades espirituais de mundos mais elevados. Esta é a meta do movimento da ciência espiritual.
Tudo isto foi colocado uma vez de forma imponente, poderosa diante a humanidade, para mostrar que o homem sem este ideal espiritualmente vivo, passaria para outra circunstância (relação): é um símbolo, que pode mostrar ao homem, com força imponente, como a humanidade pode encontrar o caminho, como pode oferecer, dentro de uma comunhão anímica ao espírito comum, um local para se incorporar. Este símbolo nos é apresentado na comunidade pentecostal, onde no sentimento comum de profundo amor e na entrega devota ao ato comum. Ali tem um grupo de homens cujas almas ainda atrepidavam por um acontecimento emocionante (abalador), da forma que em todos vivia a mesma coisa. Por confluência deste sentimento unitário, eles ofereceram aquilo, no qual algo superior, uma alma comum, se pudesse incorporar. Isto é mencionado naquelas palavras que dizem, que o ESPIRITO SANTO, a alma grupal, desceu e se dividiu como línguas flamejantes. Este é o grande símbolo para a humanidade do futuro.
Se o homem não tivesse encontrado esta conexão, passaria ao ser elementar, agora a humanidade deve encontrar um lugar para os seres que se inclinam de mundos superiores. No acontecimento pascoal foi dado ao homem a força para que possa assimilar em si (captar) representações (imaginações) tão poderosas e se dirigir (ambicionar, espirar) em direção a UM espírito. A festa pentecostal é o fruto do desenvolvimento desta força.
Sempre deverá se concretizar, através do confluir das almas em direção à sabedoria em comum, aquilo que efetua um relacionamento vivo com forças e seres do mundo superior e para aquilo que ainda tão pouca importância tem para o homem, como a festa pentecostal. Através da ciência espiritual isto poderá ser compreendido dentro da devida importância de novo para a humanidade. Quando os homens souberem o que significa para o futuro da humanidade a descida do Espírito Santo, então a festa pentecostal viverá novamente. Será então não só uma lembrança daquele acontecimento em Jerusalém, mas surgirá para o homem aquela permanente FESTA PENTECOSTAL DO CONFLUIR ANÍMICO (festa pentecostal do confluir do anímico). Será um símbolo para a grande comunidade pentecostal de então (no futuro, daquela época), quando a humanidade se encontrar numa verdade comum, para dar a oportunidade de incorporação de entidades superiores. Dependerá do próprio homem quão valorosas será a terra no futuro e quão eficazes tais ideais poderão ser para o homem. Se a humanidade almeja nesta forma correta a sabedoria, então espíritos superiores se unirão/ligarão ao homem.