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Textos Diversos

A Vivência de Pentecostes para as nossas crianças (Fridel Lenz)

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(...) Festa do Espírito Santo. Pentecostes não se compreendia quando criança. (...)

 

Naqueles tempos de educação infantil muito mais severa, a criança não atrevia a perguntar muitas coisas!

Na igreja, acima do público, pairava uma pomba branca de pezinhos rosados encolhidos, como se quisesse descer para pousar. Ali estava aquele Espírito Santo que naquele dia vinha a ter o seu significado máximo. Mas porque não descia e ficava escondido em um pássaro e não se parecia com um ser humano? As canções e orações transmitiam algo sobre ele e suas dádivas. Sabedoria era a mais bela delas. Rezava-se por todas, também para que descessem e pudessem apoiar seus pezinhos. Mesmo com todo fervor infantil permanecia a pergunta sem resposta: o que isto era para nós crianças? Nós também precisávamos de um apoio para abarcar este mistério.

Ao nos tornarmos pais e termos nossos filhos, tentamos construir este “apoio”. (Foi uma tentativa e talvez outros pais tenham idéias melhores). Preparei secretamente “árvores de Pentecostes” com pequenas bétulas (N. T. no Brasil o mais semelhante é o eucalipto...) ou galhos grandes. Foram enfeitadas com faixas, de meio metro de comprimento, de papel de seda rosa escuro – todo ano a mesma cor, pois para as crianças estas repetições são importantes. Prendiam-se várias faixas juntas para esvoaçarem nos galhos. Como as festas para as crianças precisam passar pela língua, eu assei biscoitinhos em forma de pombos e sóis, que também foram dependurados na “arvorezinha”. Cada criança recebeu sua árvore de Pentecostes amarrada ao pé da cama e era delicioso acordar pela manhã com estes odores. A mesa do café fora enfeitada com folhagens verdes. Havia ainda com um bolo decorado com pequenas rosas (profanos macarrões em forma de conchas, mas quem se atrevia a dizê-lo?) que só se comia em pentecostes. Como além disso, uma festa para criança passa pela pele e a renovação que esta festa significa deve ser sentida, havia uma roupa nova, a roupa de Pentecostes.

Já as crianças maiores devem ouviam o evangelho de Pentecostes na igreja (onde não era possível, o pai deveria lê-lo pela manhã, festivamente com uma vela acesa). E para que houvesse uma imagem, na cômoda por onde passavam os acontecimentos anuais, havia a descida do Espírito Santo sobre Maria e os doze apóstolos. (...)

E depois era feito um encontro ou um passeio. Pois a comunidade humana é o que, antes de tudo, deve ser vivenciado em Pentecostes, como cantar, jogar e caminhar em comunidade. A natureza pertence a Pentecostes e onde não for possível sair a seu encontro, ela deve ser trazida para dentro de casa.

A isto se pode juntar um conto de fadas, que talvez possa contar-se sempre e novamente neste dia. O conto do rei do mar e Wassilissa, a décima terceira pomba. É um conto de fadas puro para Pentecostes, o mais puro contado na Europa Central. E através dele passamos às crianças uma imagem verdadeira daquela espiritualidade futura do qual fala o evangelho, quando o espírito Santo desceu para cima doze que tinham em seu meio a décima - terceira – é uma imagem verdadeira para que cada um se assemelhe ao apóstolo João e adquira a completa abrangência da sabedoria anímica da pomba, cuja imagem primordial era a Maria.

Além disso – agora como adulta devo dizer – talvez seja justamente importante que Pentecostes não seja “compreendido” inteiramente pela criança. Se nós próprios voltamos a saber o que aconteceu, e aquele acontecimento for nosso e o tivermos conosco continuamente, a criança o vivenciará através do adulto.

Nossa postura e aquilo que nos preenche é o que fará a festividade para a criança.

 

(“MIT Kinderen Feste feiern” – Friedel Lenz – Novalis Verlag AG – Schaffhausen - 1973 – páginas 15-17)