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Palestra: Considerações a respeito de Dezembro, Natal e Epifania (Edith Asbeck)

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Profª Edith Asbeck

Já são passados bem mais de quarenta anos desde o meu primeiro encontro com a antroposofia e a pedagogia Waldorf. Este encontro resultou em encantamento e em muito aprendizado!
Hoje eu sei do significado profundo dos quatro domingos que antecedem o Dia de Natal, cada um deles preparando um reino: mineral, vegetal, animal e o ser humano, para receber com júbilo a Criança divina. É a época do advento – aquilo que esta por vir. Céus e Terra se unem, através de seus representantes, para saudar o Menino. São pedras preciosas e estrelas; musgos, sementes de areia; carneirinhos de lã e velas feitas de cera de abelha; figuras de pastores, Maria e José que, paulatinamente, criam cenário para o grande acontecimento. E, finalmente, depois de longa caminhada, Maria e José chegaram á gruta ou ao estábulo, surge o grande Anjo do Nascimento – Gabriel – e, na gloriosa noite de 24 para 25 de dezembro, também o pequenino Jesus aparece na manjedoura. Assim se passou quatro semanas em crescente expectativa e admiração, a casa semana ou cada dia, uma novidade. E vem os pastores saudar a Criancinha. Depois, os pastores se vão.
A partir de trinta e um de dezembro, á medida em que os pastores se afastam do cenário, aproximam-se os três Reis Magos. Seguem a estrela que anuncia o nascimento de um elevado ser, um Rei.
No dia 6 de janeiro, Epifania, os três Reis, Gaspar, Baltazar e Melquior, encontraram a criança, pois a Estrela Guia permanece brilhante sobre o local, sem mais se mover. Os reis oferecem suas dádivas, o ouro, o incenso, a mirra.
É o dia de Epifania e é o dia de Reis. Mistérios que a antiga sabedoria conhece e que nós, homens modernos, cabe redescobrir! Talvez, por meio da Antroposofia...
Muitas são as histórias que encontramos para a época do Advento (entre estas, o “burrinho de Maria”), historias de pastores e de pessoas simples que vêm trazer suas oferendas ao recém-nascido. E, algumas histórias dos Reis... Aqui está mais uma:

ADVENTO E NATAL

A época do advento se inicia logo após os dias de finados, que são a época em que estamos envolvidos com os entes falecidos, com o tempo já ido, com o passado. No advento dirigimo-nos ao futuro, à época vindoura, assim como se expressa a composição da palavra “Advento”: Aquele que vem. É uma época cheia de tradições e, aqui, vamo-nos aprofundar um pouco em alguns de seus símbolos.
No advento deveríamos atravessar um portal enorme e silencioso: O que nos conduz do exterior que nos rodeia, para dentro do nosso mais oculto interior. O sol, o calor, a vegetação exuberante chamam a nossa alma para fora de nós; isto está certo e correto quando ocorre na ocasião e hora certa. A alma até deve poder viver em um mundo de sensações e de beleza natural. Porém, no advento, devemos iniciar uma introspecção, uma vivência interiorizada.
Senos interiorizarmos haveremos de ver como nós somos e nos preparamos para o SER que virá, sem a necessidade de usar chavões, posturas adquiridas, máscaras. Lebremo-nos do dito popular: “Ouça os milagres do silêncio, a sabedoria não reside nos ruídos”.
Chegou a hora certa de contar a lenda do diabo para quem a festa do Natal era constante razão de aborrecimento. “Se eu não conseguir acabar com essa festa, todo o ano da humanidade vai ter novamente a visão do céu e esta saudade voltará sempre. Deste modo não conseguirei acabar com o cristianismo”. E matutou muito; chegou a ficar pálido, mais magro e cheio de preocupações quando, repentinamente, soube o que fazer! E o que foi? Inventou a febre natalina! E desde então, sobrevém aos homens. Esta atividade febril na época do Natal! O comerciante PRECISA lucrar. Eis que surgem os dias “dourados”. E ao anoitecer da data máxima da cristandade, o homem esta acabado; talvez ainda consiga contar o seu dinheiro... E provavelmente precisará ter um longo sono! A dona da casa, porém, que deve se preocupar com filhos e parentes, com todos os tios e tias, com os preparativos da casa, quase desfalece no sofá ao chegar à noite santa – “Me deixem em paz! Não posso mais!”
Estes dois instrumentos infernais, o barulho e a pressa, amortecem em nossa alma todos aqueles sentimentos delicados e suaves que nos querem “re-ligar” à nossa origem celeste, mundo que foi perdido e esquecido.
Esta é uma das tarefas, provavelmente a mais difícil, que nos fica por tentar cumprir na época do Natal: Precisamos treinar conscientemente a achar o silencio, a compenetração e a reflexão. São somente combatendo ruídos e interferências exteriores, porém, principalmente, tentando encontrar, ou melhor, encontrando uma ligação nova com o mundo espiritual.
Sabemos que é benéfica e cheia de paz uma contemplação prolongada do céu estrelado: sentimo-nos acalmados, mais abertos e confortados ate o fundo da nossa alma. Há inúmeros versos e cações a este respeito. Este fato é como um chamado de alerta para a alma: assim como as estrelas querem iluminar a escuridão terrestre, igualmente nós devemos achar em nossa vida terrena pontos de luz dentro de nós; devemos nos iluminar com o que achamos de nós, com o que vem do mundo espiritual.
A cor que corresponde ao advento é o azul, como a do manto de Maria, e ele simbolizam a vontade que temos de nos ligarmos novamente com a nossa origem. O azul representa a escuridão que foi permeada de luz. Este azul é a cor do terreno que deve envolver o espiritual, assim como o manto azul de Maria envolve o espírito vindouro, a criança, o germinar celestial que está por vir.
Conseguiremos iluminar-nos interiormente? Conseguiremos que nossa alma possa manifestar sua luz e com isto transformar a escuridão em luminosidades? Vejamos, pois, o símbolo de TRANSPARENCIA:
Está é uma forma muito profunda para demonstrar-nos o que nossa alma pode ser: Uma iluminação que vem do nosso interior. Podemos comparar cada ser humano com uma transparência que ele mesmo fez de si próprio – com suas peculiaridades, suas dificuldades e seus dons, cada um, dentro do que pode ou quis, recortou, colou, tirou ou adicionou seu papel de seda ou retalhinho colorido. Todos sem a luz interior, um mais harmonioso, outro pouco chamativo, mas cada um bem individual, bem ”ele mesmo”. Porém, ao acender das velas, de cada um sairá uma luminosidade, cada um sem exceção, será iluminado, nenhum ficará esquecido ou precisará ser apagado. Assim como cada um é, cada um a seu modo, poderá ser fonte de luz quando a vela o iluminar de dentro para fora.
Se observarmos um vitral na janela de igrejas, a impressão será bem diferente daquela que teremos ao ver uma foto, melhor que seja, deste mesmo vitral. É o segredo, é a magia da iluminação através de algo, da transparência. A transparência. A transparência deixa isto bem claro: Cada ser humano é um “eu” particular e original, inicialmente sem iluminação, ainda escuro. Ele precisa achar luz interior, que é a MESMA para cada um no mundo, e com esta luz iluminar o seu próprio eu, sem ser necessário amoldar este seu “eu”. Cada individualidade manter (e não esconder) o que lhe é peculiar e pessoal e isto com a luz que é igual para todos! Com esta luz, não só cada um deve trazer o que é pessoal e seu, mas com este seu eu iluminado, deve trazer claridade ao mundo TODO!
E damos, então passo para o símbolo da VELA. A vela seria como a luz que brilha IGUALMENTE para todos. E é clara e quente: ao uma luz ofuscante como a luz artificial, e em somente quente como o calor, mas suave no clarear e no esquentar. A vela é como deveriam ser a cabeça e o coração do homem: clara no pensar e quente no amar. E, assim como a vela se consome ao ofertar luz e calor, o ser humano, também, deve-se exaurir sacrificar-se, queimando, para poder dar luz e calor a tudo e a todo!
Se perguntar-mos, retrucar-nos-ão que sempre exigiu a coroa do advento! E que nasceu junto com o pinheiro do Natal! Mas foi somente no início deste século vinte que ela começou a expandir-se largamente e se divulgou bastante durante o movimente o juvenil dos alemães andarilhos (caminhadores, excursionistas). Eles costumavam enviar aos companheiros falecidos em combate, uma coroa com velas acesas por cima de lagos e lagoas, como símbolo da viagem ao mundo do além. E, com isto, surgia uma crença e força grande para viverem esperançosos e, principalmente, confortados pela fé. Levamos coroas aos túmulos dos falecidos como símbolo de u círculo vital que se completou. E assim como a natureza que fenece transforma-se em novo crescimento, em florescer e amadurecer, igualmente, a morte do ser humano é apenas uma passagem para um mundo diferente, se contemplamos o fato através do milagre do nascimento de Cristo.
Uma grande esperança surge-nos desta visão e todo o peso que sentimos se desfaz e nos sentimos aliviados e leves. E o luto fica na terra. A coroa de flores que ficara por terra deitada no túmulo, eleva-se e gravita, flutua, como que livre do seu peso físico. E se a dependurarmos abaixo do teto, será um símbolo da vida futura que fechará seu círculo iniciado na vida física sobre a terra. A coroa, então, espalha a espera e a vinda do que a nossa alma já esta sentindo.
Suas quatro velas, acesas em seqüência de quatro domingos, cada domingo uma a mais até se queimarem todas, mostra-nos quatro direções na imensidão dos mundos, aonde os doze signos do zodíaco se fecham, também, em um circulo. As quatro velas do advento são as cruzes luminosas: as cruzes luminosas