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Histórias

Os Três Reis (Edith Asbeck - para crianças acima de 10 anos)

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Como o Rei Baltasar viu a Estrela
 
 
Por anos seguidos, cada um dos três reis havia mantido a vigília na sua torre durante o período que o anjo lhe ordenara. Seus anseios por encontrar a estrela prometida tornavam-se cada vez mais profundos, pois, também eles podiam ver o quanto se intensificava a névoa escura que envolvia a Terra.
 
Certo dia, ao entardecer, Baltasar dirigia-se à sua torre para lá estar ao crepúsculo. O coração lhe pesava de tristeza e preocupação. Vinha-lhe ao encontro uma criança, estendeu-lhe a mãozinha que segurava uma florzinha branca e o olhou com o rosto radiante. Disse-lhe: “Rei Baltasar, você está com a aparência tão triste! É porque o inverno logo vai chegar e não haverá mais flores desabrochando? Vou lhe dar de presente a última florzinha que encontrei. Ela servirá para lembrar-lhe que, onde tudo está murcho e cinzento agora, tudo estará florido na Primavera que virá.”
 
O rei Baltasar recebeu a florzinha das mãos da criança e ficou tão feliz como se tivesse recebido de presente, em vez da pequena flor, o Jardim do Paraíso inteirinho. Abaixou-se para abraçar a criança e agradecer-lhe. Em seguida, deu-lhe a mão e eles subiram juntos para o alto da torre.
 
Quando saíram para a plataforma da torre era o justo momento em que o Sol mergulhava no horizonte e em meio às cores esplendentes do crepúsculo nasceu uma estrela tão luminosa e dourada quanto o próprio Sol. “A nova estrela!” exclamou alto rei Baltasar. “Diante desta estrela a névoa cinza que envolve a Terra terá de recuar e as pessoas voltarão a aprender a amar-se umas às outras”. O rei pegou a criança no colo para que ela pudesse ver melhor a nova estrela. E, enquanto estava ali parado com a criança no colo, olhando a estrela e saudando-a, ouviu uma voz soando de dentro da mesma : “ Se não quiserem se tornar iguais às criancinhas, não poderão seguir a estrela.” “Eu quero seguir a estrela”, pensou Baltasar. Da mesma maneira como esta criança me presenteou com uma flor, eu quero presentear a recém-nascida criança divina com incenso; incenso que eleva as nossas orações ao firmamento como se fossem perfumes de flor.”
 
Desceu a escadaria da torre levando a criança pela mão e entregou-se aos preparativos para a viagem.
 
 
 
Como o Rei Melquior descobriu a Estrela 
 
 
O rei Melquior já havia dormido algumas horas. Acordou porque, pouco antes da meia-noite uma intensa claridade penetrou em seus aposentos entrando pelas janelas do castelo. No primeiro instante pensou que o criado incumbido de desperta-lo na hora certa para que assumisse a vigília na torre, tivesse perdido a hora e que agora, certamente, o sol já estivesse alto lá no céu. Mas, em seguida, percebeu que reinava silêncio absoluto no castelo e que, portanto, deveria ser noite ainda.
 
Nisso a porta foi aberta e um ancião muito, muito idoso entrou. Esse ancião aproximou-se do rei e disse apenas uma curta frase: “Sol à meia-noite.” O rei sabia que esse homem sempre dissera tão somente a verdade, nunca mentira, pois, era ele o sacerdote que, desde a sua juventude, ensinara-lhe tudo o que um rei necessita saber. Ergueu-se, portanto, do leito e seguiu para a torre, acompanhado pelo sacerdote, pois, à meia-noite começaria o seu turno da vigília observando as estrelas. Tendo atingido o alto da escura escadaria da torre e saindo para o terraço, viu a terra toda ao derredor banhada em luz. Acima deles brilhava a estrela qual um sol brilhando em plena noite. “ Estrela de ouro”, exclamou Melquior, “você nos traz o rei que tudo compreende, o Rei dos Reis. Quero segui-la e levar um presente ao Senhor dos Mundos, um presente que lhe faça justiça, o ouro para a mais bela das coroas.”
 
O idoso sacerdote tudo presenciara e também acompanhara as palavras do rei. O rei Melquior desceu as escadarias em companhia do sacerdote e dedicou-se aos preparativos para a viagem.
 
 
 
As Vivências do Rei Gaspar
 
 
O rei Gaspar despertou com o primeiro canto do galo. Assustou-se, pois, deveria ter assumido a sua parte da vigília observando as estrelas no céu, já muito antes do raiar da aurora. Seu susto aumentou ao constatar que já era dia claro! Teria dormido tanto assim? Teria, talvez, perdido a hora em que a nova estrela apareceria no céu?
  
No entanto, no castelo reinava silêncio total. Ninguém, além dele, estava em pé; não se ouvia nem um único passo; nenhum trabalho matinal estava sendo executado. Isso o deixou mais confuso ainda. Apressadamente deixou o aposento em que dormira para subir na torre. Tão rápido andava que esbarrou de frente no criado que, justamente, estava a caminho para despertar o rei. O criado caiu ao chão e feriu-se de tal modo que o sangue escorria e não lhe foi possível erguer-se sozinho. O rei Gaspar ergueu-o do chão e entregou-o a dois outros criados que o levaram e colocaram deitado sobre uma cama, cuidando de seus ferimentos e colocando-lhe ataduras.
 
O rei continuou andando apressadamente, atravessou o pátio do castelo, como costumava fazer todos os dias. Mas hoje, percebeu pela primeira vez que, ao passar por ali, diariamente havia pisado em um arbusto pouco vistoso que ficava bem no seu caminho. “Um susto depois do outro” pensou ele. “Primeiro, dormi demais, perdendo a hora, depois, o meu criado teve ferimentos causados por mim e agora vejo que simplesmente pisoteei esse pobre arbusto. Ah, quantas coisas neste mundo estão doentes e maltratadas.” Triste, subiu as escadarias da torre.
 
Chegando ao topo d escada, foi atingido pelo raio da estrela de modo que, cegado pelo esplendor, caiu de joelhos. Então, a luz ao seu redor começou a soar de tal modo que, passado algum tempo, ele conseguiu até mesmo entender palavras: “A vontade divina seja feita assim na terra, como nos céus.” Para Gaspar ficou claro nesse momento que o Filho de Deus havia nascido na Terra. Por Seu intermédio a Vontade de Deus voltaria a ser realizada entre os homens, seria sanado aquilo que estava enfermo, o que estava errado, seria corrigido, o que estava adormecido, seria acordado. E ele, rei Gaspar, queria ir à sua procura para saudá-lo.
 
Lembrou-se então do seu criado que estava deitado no castelo, sofrendo de dores. Desceu da torre para procurar por ele, ver como estava passando e dizer-lhe que o Salvador viera para ele também. Ao atravessar o pátio viu que o arbusto pisoteado se erguera exalando um aroma muito agradável. Nos pontos em que o arbusto fora torcido e ferido, agora escorria uma resina amarelo dourado, que era o que recendia tão fortemente. “Levarei isto para o criado ferido. Talvez o ajude,” pensou o rei. Tomou da resina, o bálsamo da mirra, e entrando no quarto em que se encontrava deitado o homem, levou-o para o ferido. Contou-lhe da maravilhosa estrela e também lhe contou de como, distraidamente, pisoteara uma planta e que ela, iluminada pelo clarão da estrela, fizera verter da sua ferida o bálsamo perfumado, a resina da mirra. “Quero colocar o bálsamo sobre os ferimentos“, disse o criado. Rei Gaspar lhe entregou a resina. O criado passou-a sobre os pontos doloridos e imediatamente sentiu imediatamente novas forças, e as dores foram diminuindo e os ferimentos saravam.
 
Quando o rei Gaspar vivenciou a gradual cura do criado, ocasionada pela mirra, ele disse: ” Este é o presente certo para levar ao Salvador do Mundo. Eu lhe levarei a mirra. E você, meu servo já curado, poderá me acompanhar na viagem.” O criado ergueu-se e iniciou os preparativos para a viagem.
 
Quando e como os três reis guiados pela Estrela se encontraram já faz parte de uma outra história!
 
 
(Conto Adaptado  por Edith Asbeck)