Festas Cristãs

Pesquisar, Visualizar e Navegar

Tamanho da fonte:

Textos Diversos

A questão das festas anuais no Hemisfério Sul (Sergey Prokofieff)

Atenção, abrir em uma nova janela. PDFImprimirE-mail

Sergey Prokofieff

(este texto contém partes faltantes, marcadas com ****************. Pela importância do texto, resolvemos colocá-lo mesmo assim, até que tenhamos a versão completa dele) 

 Quando deveriam ser celebradas as festas anuais no hemisfério sul? Sem a observação do meio ambiente natural-espiritual dessa parte meridional de nossa Terra por meio de uma permanência mais prolongada naquela região, a resposta a tal pergunta só pode ter um caráter preliminar. Contudo, é possível dizer algo a respeito desse tema a partir da Ciência Espiritual.
 Toda a configuração etérica-física de nosso planeta terrestre está formada de maneira que determinados processos anímico-espirituais no indivíduo no hemisfério sul não o estão. Todas as condições de terra firme e de água, ou seja, de elementos físicos e etéricos no hemisfério sul são diferentes do hemisfério norte e, em muitos respeitos, até cosmos polares. Assim temos uma grande prepotência da terra sobre o elemento aquoso no hemisfério setentrional e, contrariamente, no hemisfério meridional o inverso.
 Segundo a teoria científico-espiritual relativa ao éter, a atuação do éter sonoro está mais ligada á água e a do éter vital mais sólido. Possuindo, por outro lado, o éter sonoro um parentesco com a Lua e o éter vital com o Sol, todo o hemisfério setentrional, com seu centro no pólo norte, pode ser caracterizado como solar e o meridional, com seu centro na Antártica, como lunar. Assim temos no “norte” um princípio mais formador e, no Sul, contrariamente, um princípio mais disformador. Isto já se evidencia no contraste muito menor entre verão e inverno (e entre as estações do ano de um modo geral) no hemisfério meridional em comparação com o setentrional, onde se tem estações mais diferenciadas e maiores oscilações de temperatura.
 Podemos observar o efeito das forças formadoras o disformadoras também no desenvolvimento cultural dos hemisférios setentrional e meridional. Por essa razão a evolução da Humanidade, a começar pela Atlântica até aos nossos tempos atuais, ocorreu principalmente nessa metade setentrional, até ao maior evento da história da Terra, o Mistério do Gólgota.
 Do ponto de vista histórica, justamente a população do hemisfério norte teve a missão de conquistar o mundo material, de aprofundar-se nele e, depois, totalmente separada do mundo espiritual divino, chegar a própria vivência individual de liberdade. Atingimos agora esse ponto “mais profundo” da evolução. E o surgimento da antroposofia corresponde hoje á necessidade histórico-global da ********************************************
Ascender ao mundo espiritual, porém agora com plena consciência.
 Para essa missão extraordinariamente difícil, a Humanidade do norte pode se apoiar também no ciclo do ano pelo fator de relacionar com ele certos processos do desenvolvimento anímico-espiritual, tal como foi descrito. Mais ainda, no futuro próximo a ascensão ao mundo espiritual será quase impossível sem esse apoio sobre as forças cósmico-espirituais, tal como atuam no ciclo do ano. Pois as resistências advindas da civilização materialista da atualidade contra essa ascensão são hoje tão grandes que os homens precisarão cada vez mais do referido apoio  para realizar sua tarefa: abrir os caminhos da quinta época cultural pós-atlântico sobre a Terra. Será alcançada a sintonia mais perfeita entre a alma humana e a atuação das forças espirituais-cósmicas no ciclo do ano. Pois de certa maneira, justamente essa cultura espiritual da sexta época consistirá em que essa harmonia entre homem e natureza (ciclo do ano) será estabelecida. O homem então se desenvolverá interiormente ao ponto de lhe afluírem, de seu relacionamento com a Natureza, as mais elevadas forças espirituais. A atual exigência de Micael para o “ aprender a ler no livro da Natureza” apresenta o primeiro inicio para tanto. Essa possibilidade de estabelecer uma sintonia entre o anímico-espiritual no homem e o cósmico-espiritual na Natureza não persistirá para sempre, mas é de decisiva importância que enquanto ela ainda for possível, seja criada a ponte para a espiritualidade cósmica.
 Essa possibilidade somente persistirá, como foi dito, aproximadamente até o fim da sexta época cultural (eslava) pois, já na sétima (americana), surgirão gradualmente condições naturais e espirituais bem diferentes na evolução terrestre. Rudolf Steiner descreve essa poderosa alteração que virá, com as seguintes palavras: “Como os Senhores já sabem, a lua tornará a se unir com a Terra em um dado momento. Esse momento de união da Lua com a Terra será protelado por milhares de anos pelos geólogos e astrônomos que vivem na abstração; isto, porem, é uma ilusão. Em realidade não estamos tão distantes desse momento...”
 E Rudolf Steiner prossegue dizendo que o mencionado momento chegará no sétimo até o oitavo milênio após o nascimento de Cristo*. “E assim como essa saída da Lua (na época lemúrica) foi um acontecimento incisivo, também essa entrada da Lua.”
(* O ponto  médio temporal da evolução da Terra situa-se no quarto grande período atlântica, em oposição ao ponto médio espiritual que se situa na quarta época cultural pós-atlântica. Perante esse ponto médio temporal, a saída da Lua no início do período lemúrico corresponde, conforme a lei de espelhamento, à sua entrada ************************************************************época cultural.)
******************************************************************

 E ao descrever a saída da Lua em seu livro “A crônica do Akasha”, Rudolf Steiner escreve o seguinte: “Com isto, a consideração da crônica do Akasha aproximou-se muito daquela catástrofe cósmica que foi causada pela saída da Lua da Terra.”
 Na conferência de 31.12.1910 Rudolf Steiner cita um ritmo bem especial na evolução da Terra, o qual dura “seis até sete até oito milênios” e se revela em manifestações polares. As manifestações polares estão ligadas com a atividade dos Espíritos da Forma (Exusiai), que atuam uma vez para fora, nas condições físicas da Terra, e uma vez para dentro, nas almas dos homens. A última atuação para dentro foi por volta de 1250. a maior intervenção nas condições físicas terá lugar por volta do oitavo milênio, quando, através da atividade especial dos Espíritos da Forma e do mais pode4roso dentre eles, Jahve, a Lua será reincorporada a Terra. Este último fato estará também ligado á alteração da posição do eixo terrestre.
 Isto significa, porém, que através da reassimilação da Lua pela Terra todos os processos espirituais e naturais-etéricos, tal como vêm á expressão no ciclo do ano, serão totalmente modificados. Não mais existirá o ciclo do ano na forma em que nos é conhecido. Mas, se o homem conseguir colocar sob seu domínio de maneira correta as forças da Lua, poderá atuar a Natureza como mago e realizar nela os novos processos que irão corresponder ao atual ciclo do ano.
 Segundo as indicações de Rudolf Steiner, a Lua foi retirada do hemisfério sul da Terra na época lemúrica. Também as condições de água e terra, do físico e do etérico no hemisfério sul foram outrora formadas, em sua polaridade com o hemisfério norte, através da saída da Lua. Elas estão hoje predestinadas a tornar a assimilar a Lua na sétima época cultural. E assim podemos dizer que por meio de toda sua configuração físico-etérica, o hemisfério sul nos mostra ao mesmo tempo o passado e o futuro da Terra tal como descritos (saída e entrada da Lua). O desenvolvimento cultural irradiado do hemisfério norte, por meio de seu conseqüente desdobramento, tem a missão de levar á plena revelação por sobre a Terra toda o mistério solar de Cristo e, destarte, construir a ponte entre esses dois acontecimentos telúrico-cósmicos ligados ao hemisfério sul.
 Vamos portanto que: consiste em ideal da sexta época cultural, chegar á plena sintonia com o espírito-cósmico da Natureza para, a partir daí, conseguir criar os mais elevados impulsos culturais. Mas, o ideal da sétima época é o de, a partir de si mesmo, determinar os processos da natureza de maneira mágica. Em outras palavras: quando na sexta época a ponte para o Coamo espiritual for construída, o homem na sétima época estará em condições do, **************************************************************************************************************** o que será necessário para a continuação da evolução da humanidade e da terra e que, anteriormente, na sexta época, ele ainda retirava da própria Natureza.
       A partir do que foi dito pode se nos tornar claro, relativamente ao ciclo do ano e ás suas festas, qual missão tem os homens que por seu carma vivem no hemisfério sul, perante aqueles que vivem no hemisfério norte.
      Pelas palavras de Rudolf Steiner acima citadas, a época da entrada da Lua não está mais tão distante: no 7° - 8° milênio, ou seja, na época do último terço da 7º época cultural. Mas, como esse processo da incorporação da Lua só ocorrerá gradativamente, pode-se também dizer que de certo modo toda a sétima época cultural estará sob o signo desse processo, que se concluirá ao fim dela.
      Como já mencionado, isto também pode ser considerado do ponto de vista histórico-cultural. No “sul”, através da forte preponderância da água sobre a terra firma, reina uma espécie de isolamento paisagístico e uma espécie de expectativa para o que lá irá ocorrer em determinado momento. A partir dessa peculiaridade temos no “sul” restos de antigas culturas, mas nenhum conseqüente desenvolvimento cultural como temos no “norte”, por exemplo, o desenvolvimento como seqüência das épocas culturais pós-atlânticas.
     Mas, pelo fato de os países do “sul”, desde os tempos modernos, também haverem se tornado partícipes do desenvolvimento cultural cristão advindo do “norte”, encontram-se eles diante de sua missão espiritual: a de configurar as festas cristãs somente a partir da força interior dos homens, sem para tanto encontrar apoio na Natureza, para destarte preparar o mencionado futuro distante. Tanto quanto pertencem aos homens que ali vivem á grande corrente evolutiva cristã, podem eles desse modo preparar gradativamente, já na 5° época pós-atlântica, a base para o desenvolvimento da Humanidade que, num momento na 7° época cultural pós-atlântica, será de toda a Humanidade*.
(* obviamente cada indivíduo é hoje participante do desenvolvimento da época da alma da consciência. Para os antropósofos, contudo, existe a tarefa de já em nossa época preparar conscientemente a próxima, a 6° época cultural; em compensação, aqueles que vivem no hemisfério sul têm a possibilidade adicional de exercitar os primeiros elementos da 7° época cultural pós-atlântica.)
******************************************************************
     Este será um verdadeiro trabalho pioneiro que, contudo, pode encontrar um apoio no pensamento de que por esse intermédio a Humanidade inteira será aos poucos preparada para o futuro ainda mais distante que aquele cuja preparação constitui a missão especial da Humanidade “setentrional”.
     Somente pela realização dessa missão pela Humanidade “meridional” (e isto precisa acontecer, até um certo grau, já durante a 5° época cultural) a Humanidade continuará a viver na Terra como unidade espiritual caminhando através das festas cristãs do ano. Pois o sentido mais profundo da celebração simultânea das festas por sobre a Terra consiste em que, depois do Mistério do Gólgota essas festas representam os graus da unificação do espírito de Cristo com a Terra. De modo que através dessa celebração simultânea das festas cristãs por todos os homens da Terra possa se formar um verdadeiro receptáculo para o grande Eu da Humanidade, o Cristo, que então a guiará para o grande ideal da Humanidade divina.
     O que foi dito não tem a pretensão de se constituir na solução da questão levantada, mas apenas de aprender as conseqüências que podem advir do conteúdo deste livro a um leitor que viva no hemisfério sul.
     Um outro aspecto deste problema está ligado ao trabalho com o “Calendário antroposófico da alma”, de Rudolf Steiner, em que a relação da a lama com s processos cósmico-espirituais da Natureza é uma necessidade muito maior. Por esta razão Rudolf Steiner deu a seguinte resposta á pergunta de Fred Poepping sobre como se deveria trabalhar com os versos semanais no hemisfério sul: “Os versos semanais do calendário da alma só devem ser invertidos, isto é, ser empregados de maneira correspondente aos ritmos das épocas do ano locais.” Obviamente os ritmos da Natureza em tal trabalho com os versos não corresponderão ás quatro festas do ano. Para restabelecer essa correspondência é preciso que o verso oposto seja incluído, tal como hoje já o fazem muitos antropósofos que vivem no hemisfério norte. Desse modo o trabalho meditativo com o calendário da alma também pode ficar mantido como elemento comum do desenvolvimento da Humanidade.

(extraído do livro “Der Jahreslauf als Einweihumgsweg Zum Erleben der Christuswesenhait”, do mesmo autor)