Textos Comunidade de Cristãos
O Homem nos Ritmos do Universo - Uma perspectiva Micaélica (Wilhelm Schopf)
Wilhelm Schopf - 1953
(Tradução Liselotte Sobotta)
Prefácio
Micael
Quem é como Deus? A resposta para isso se pode buscar no Gênesis: Aquele que é a imagem e semelhança Dele! O Homem; e ao mesmo tempo um arcanjo, com atarefa de Espírito da Época. Esse parentesco de Micael com o ser humano como o Arcanjo, são co-participes dos planos e desígnios divinos? Ao Arcanjo não se pode duvidar de seu envolvimento e participação ativa. Porém, nós homens, será que não exageramos ao nos colocarmos como Imagem e semelhança de nosso criador? A resposta só pode ser dada por cada ser humano, individualmente. E ela é dada no decurso de nossas várias vidas. PIS, a uma pergunta tão ampla e profunda, só podemos responder através do desenvolvimento de nosso próprio destino. Tomá-la cada vez mais em nossas mãos, dar-lhe direção e sentido, parece ser o primeiro passo a ser dado como resposta.
Estes artigos deveriam estimular uma vivência forte e fecunda da época de Micael.
Marcus Piedade
O HOMEM NOS RITMOS DO UNIVERSO
UMA PERSPECTIVA MICAÉLICA
O homem vive dentro de contextos cósmicos dos quais hoje muitas vezes não tem nenhuma consciência. Ele es5tá colocado dentro dos ritmos de dia e noite, luz e escuridão, verão e inverno. Além disso, situa-se em contextos periódicos ainda mais amplos, como o período denominado ano universal platônico, que abrange um espaço de tempo de 25.920 anos, durante o qual o sol, em virtude da precessão dos equinócios, percorre os doze signos do zodíaco.
Até mesmo em sua respiração o homem está em conexão com tais contextos rítmicos universais. O homem sadio faz, por exemplo, cerca de 18 movimentos respiratórios do minuto, portanto 25,920 movimentos respiratórios em 24 horas. É, por dia, o mesmo número quanto o dos anos de um ano universal platônico, que assim podem ser considerados como grandes movimentos respiratórios. Por seu lado, a vida humana é, pois, como um ano maior que está contido 360 vezes em um ano universal platônico.
Tais considerações reforçam a consciência de que o homem se situa em seu tempo e ambiente necessariamente, por uma questão de lei natural. Mas, apesar disso, ele sente de maneira imperiosa sua impotência diante dos acontecimentos do seu tempo, em que está embutido, de modo que estes lhe aparecem como que em uma impressão cósmica. Apresenta-se-lhe como que uma espécie de monstro, um ser dragonino, cuja onipotência, também decorrente de lei natural, pode causar ao homem de tempos antigos, o qual ainda podia ter com muito mais intensidade tais impressões cósmicas, estas se condensavam, por exemplo, na antiqüíssima China, e eram vivenciadas como visão de um dragão, diante do qual da sua onipotência cósmica. Naquele tempo o homem se dissolvia nesse ser para ele sagrado, tornava-se uno com o mundo, sem ter de si mesmo uma auto-consciência egóica. Mas isto mudou fundamentalmente no decorrer da história humana, na medida em que o homem a si mesmo percebia em seu eu, e nele despertava a indagação a respeito do seu próprio ser.
Qual é a essência, o ser do tempo?- O tempo de modo algum pode ser calculado com precisão e esquematizado. Apesar da introdução do ano bissexto, entre outras coisas, até o presente ainda não pôde achar uma ordem exata para o calendário. Pois o tempo é um ser vivente! Isto sabia-se também no passado. Os povos de civilização antigas orientavam-se inteiramente pelo transcorrer estelar,assim obtendo, de modo que, por assim dizer, “a dificilmente entendida dimensão tempo” era igualada.
A moderna Ciência Natural muitas vezes fala de fatores não-calculáveis em diversas áreas. Não só os especialistas em metereologia se esforçam por determinar os fenômenos atmosféricos por meio de leis naturais, sem obter resultados últimos, mas também no campo da Biologia se fala de âmbitos de substância impossíveis de serem determinados por cálculo”, aos quais âmbitos se denomina “o mundo das dimensões desprezadas” ou “o campo dos colóides e das suspensões”. No entanto, toda “substância viva” obedece em maior ou menor grau ás leis desse âmbito da substância, conforme descreve pormenorizadamente Walter Closs em seu trabalho: “ A Terra...Um Ser Vivo”. A fisiologia, das plantas etéricas das plantas, dos animais e do homem em uma parte essencial dos seus processos se subordina a essas leis. Pela intervenção de forças e transposto para o âmbito do vivente.(Closs p.49-50 e ss)
Onde encontrar o ponto inicial, o regulador e ordenador exato dos transcursos temporais e fonte de todo ser vivente?
Tudo o que na terra mostra vida, não pode ser pensado sem a luz e seus efeitos, que têm sua origem no sol. Este é o centro, uma espécie de ponto egóico das criaturas irradiações de luz e vida para todo o nosso sistema planetário, nosso cosmo. E qual inteligência determina o decurso do tempo com sua exatidão impossível de ser abarcada por meio de um sistema numérico? Quem ordena os decursos de luz e vida do ano, as auroras a os crepúsculos solares, a dança das estrelas e dos planetas? E tudo isto com uma precisão que a inteligência humana jamais poderia efetuar e calcular, inclusive “as dimensões temporais indetermináveis” e “o mundo das dimensões desprezadas”? – Não é obvio que em tempos antigos ao olhar interior do homem se apresentasse um radiante ser inteligente surgido no sol? Um ser com inteligência cósmica, uma imagem da própria inteligência solar repleta de sabedoria, que vitoriosamente supera a monstruosidade e aparente onipotente do mecanismo do mundo que visualizava como dragão? – Um ser inteligente de sol e luz!
Esse ser inteligente criador que sobre-irradia todas as leis universais calculáveis bem como as dimensões temporais indetermináveis e os âmbitos desprezados da substância vivente, nos centro iniciáticos dos mistérios da Luz, os quais certamente houve em todos os tempos entre os povos civilizados, sempre era percebido a partir da mesma vivência, embora lhe dando denominações diversas: A vitória dos poderes de luz sobre os da escuridão! Na Antiga Índia essa figura de luz divina denominava-se Indra, na Pérsia, Mitras, e na civilização coldaico-assíria-babilônia, Marduk. O povo hebreu denominava-a Micael! Aqui a vivência da figura de luz se tornava como que uma pergunta ao próprio homem, pois Micael significa:”Quem é como Deus?”
Hoje, no século XX, quando entramos em um novo estágio da cosmovisão cristã, importa admitir novamente em nossa consciência esse ser inteligente. Poderosamente atua o determinismo da imagem do mundo mecanicista em nossas vivências. Impotente e pequeno sente-se cada homem de per si, cada eu, diante dos gigantescos eventos exteriores da época e do mundo. Observando e pesquisando o mundo exteriormente, do o microscópio e pelo telescópio as coisas lhe aparecem irrealmente grandes, tais como a olho nu nunca poderiam ser percebidas, com isso também perdendo a livre e abrangente visão de conjunto. Por isso, o que ele vê superdimencionado e fantasmagórico pode condensa-se-lhe em um monstro, um dragão a penetrar na sua consciência. A impressão de poderes fantasmagóricos e dragoninos querendo prender o espírito com “cadeias de escravidão terrestre” – isto é o que hoje cada vez mais se torna uma vivência concreta da alma humana.
Nos altares da Comunidade de Cristãos a epístola da época de Micael fala a respeito dos poderes dragonianos, indicando caminhos para encontrar nos dias que correm a força superadora do dragão.
Rudolf Steiner disse sobre as forças inteligentes, que elas outrora foram cósmicas, sendo administradas por seres divinos. Mas, perto do fim chuvisco sobre os homens, para serem a partir de então por eles administrados na liberdade de cada eu. Desde esse momento histórico, forças inteligentes foram rapidamente absorvidas e desenvolvidas pelos homens. Mas, a questão é como essas forças são hoje administradas e usadas pelos homens. Enormes são as realizações da inteligência humana quanto ás suas criações técnico-mecanicas e em todos os campos da ciência exterior, a ponto de darem elas a impressão de monstruosidades. O que dá á alma humana a consciência e a força, a força de superação do dragão, para que o homem possa persistir como eu diante disso? – Também a esse respeito fala a epístola da época de Micael: O empenho de Micael consiste em que os homens venham contemplar o olhar da alma a face de Cristo. Mas o próprio Micael é a “Face de deus - Homem”. No atual vivenciar micaélico percebe-se a comtemplar-se a força da luz inteligente! Pois, desde que Cristo se revelou dentro do homem, brilhou no ser e na face humana, podemos achar e vivenciar a inteligência da luz solar que irradiou luz e vida a partir do sol através de todos os tempos, podemos vê-la como Deus-Homem dentro do homem, no nosso próprio e íntimo eu. Cristo será reconhecimento como sol espiritual que faz surgir luz e vida no eu da alma humana, brilhando na face e no coração do homem.
Na mesma epístola fala-se também da força livre existente no homem que prepara o coração humano para a luz. Realizações da inteligência hoje existem na vida exterior grandiosas e imponentes, mas a inteligência se desligou do coração humano. Isto, porém, é o importante em nosso século: como a inteligência pessoal é livremente administrada pelo homem egóico. O Vidente João, em seu Apocalipse (Cap.12) contempla a arque-imagem cósmica da alma humana: a mulher, envolta pelo sol, prestes a parir o filho espiritual (o eu), o qual corre o perigo de ser devorado pelo dragão. Essa é a arque-imagem da alma humana que das forças cósmicas de luz inteligente concebe o eu superior e lhe dá nascimento. De acordo com essa arque-imagem, em nosso tempo a alma humana segue seu caminho do vir-a-ser inteligente através de provações apocalípticas. E a angustiosa pergunta é, se ela achará o administrador certo de suas forças espirituais.
Em vista das “monstruosas” realizações, o que pode ser feito pelo esforço humano pessoal parece pouco, íntimo. No entanto, para as realizações inteligentes do coração aplica-se o maravilhoso e interiormente exato conceito do “mundo das dimensões desprezadas” que a ciência moderna assim definiu acertadamente ao pesquisar a substância vivente. Sim, verdadeiramente “desprezada” pela consciência do nosso tempo, ou, pelo menos ainda não desenvolvida! Ainda assim, ele é como o pingo do “i”: Inesperadamente, pequeno e pouco parece o mundo dos âmbitos desprezados do tempo e da substância, mas, apesar disso, ele sobre-irradia com seu atuar inteligente cósmico, pleno de sabedoria, e com a maior precisão, tudo o que vive.
(Extraído do livro Micael - coletânea de textos-1998 - Comunidade de Cristãos, Movimento de Renovação Religiosa)