Histórias
Onde nenhuma luz brilha
Era uma vez um camponês mau, rude e preguiçoso, que por nada se zangava e batia em sua pobre mulher e em seus filhos.
Um dia São Micael resolveu que deveria fazer alguma coisa por aquela pobre família e chamou um de seus anjos, dizendo:
-“Querido anjo... há um homem muito mal lá na Terra e eu gostaria muito que você fosse até lá para torná-lo melhor, terá o prazo de um ano para fazer seu trabalho. Eu lhe darei um chapeuzinho vermelho e você deixará suas asinhas aqui comigo. Nunca o perca, pois, caso o contrário, não poderá retornar ao céu”.
O anjinho obedeceu São Micael e foi para a terra como uma mocinha, de nome Cristina. Foi diretamente á casa dos camponeses e bateu á porta.
Toc, toc, toc...
-“Boa mulher. Você me aceita como empregada?”
-“Mas eu não posso pagá-la, boa menina”.
-“Não quero dinheiro. Quero apenas comida e um cantinho para dormir. Posso ficar aqui durante um ano.”
A mulher ficou muito contente, pois ela estava muito cansada. Tinha muitos filhos pequenos, tanta roupa para lavar, tantos pães para fazer...
A mulher convidou Cristina para entrar e deu-lhe um grande avental para cobrir seu vestido branco.
Em pouco tempo operou-se uma grande mudança. Tudo ficou em ordem...
Quando o camponês chegou em casa, depois de um dia de trabalho, encontrou a casa mudada. Os filhos limpos, a comida pronta e sua mulher cantando.
Do que se queixar?
Em pouco tempo, ele foi ficando bom, calmo e amável.
Quando, á vezes, ele se zangava, Cristina começava logo a cantar, tão suave como um anjo, que o velho rabugento acabava se calando de vergonha.
A beleza e a bondade de Cristina afastavam a feiúra do camponês e toda a tristeza daquela casa.
Mas, alguém não estava nada contente com o que acontecia. Quem?
-“Ah! Ah! Micael mandou um de seus anjos. Pois bem! Eu também mandarei um demônio”.
E começou a confusão... pratos caíam e quebravam-se, ovos voavam de cá pra lá, quebrando-se no chão, beliscões nos irmãos fazendo-os brigarem entre si...
Cristina bem sabia do que se tratava e, docemente se pôs a cantar e limpar o chão e paredes.
O demônio não desistia... Derrubava o leite, as crianças.
Cristina também era firme e não parava de cantar.
O demônio se cansou, finalmente, e ficou observando Cristina.
“Como é linda!”; “Como é meiga!”, “Como é bondosa!”; “Como sua voz é suave!..”
Logo ele começou a detestar a idéias de ter de ficar longe de Cristina e sua beleza, e voltar para a escuridão, para o feio inferno.
O tempo foi passado e o ano chegou ao fim.
Disse Cristina:
-“Agora devo voltar para o céu...
Este ficou muito triste e disse:
-“não me deixe; leve-me com você...”
Cristina já se afastava quando sentiu grande pena do diabinho. Voltou e, tirando o seu chapeuzinho vermelho, entregou-o ao diabinho dizendo:
-“Tome o meu chapeuzinho. Com ele você entrará no céu em meu lugar”.
O incrível aconteceu! O diabinho começou a mudar e um coração bateu dentro de seu peito. Olhou para Cristina ali parada. Tão boa, tão meiga, tão bonita...
-“Onde você estiver, aí estará o céu, e eu estarei com você”.
Assim os dois ficaram na Terra ajudando as pessoas necessitadas.
São Micael olhou do céu e sorriu.
(extraído da Revista Nós época de Micael 2005 – EWRS)