Histórias
O Morticínio Infantil de Belém
Dia após dia, o Rei Herodes esperava a volta dos três homens que deveriam indicar o lugar onde se encontrava a criança, mas eles não chegaram. Ele não conseguia mais dormir sossegado. Nas horas escuras da noite ele via, transtornado, o menino prometido: logo ele apareceu nas ruas de Jerusalém, entrou no templo, apresentou-se até mesmo no portão de seu palácio. Por isso aumentaram o medo e a agitação do Rei. Como finalmente tivesse a certeza de que os três reis o haviam evitado, a fim de esconder dele o menino, arquitetou um plano diabólico: “Se eu quero encontrar aquela criança antes que cai uma desgraça sobre mim, tenho de mandar matar todas as crianças de Belém”.
Portanto mandou trazer até ele um grupo de seus mais brutos soldados e deu-lhes a ordem cruel de matar a todas as crianças com menos de dois anos.
No dia seguinte ergue-se em Belém um grande lamento, pois os soldados invadiram as casas. Eles apunhalavam as criancinhas no berço onde dormiam com um sorriso nos lábios; muitas foram arrancadas dos braços de Suas mães e mataram as inocentes com o fio da espada. Não houve casa em Belém onde não tinha sido derramado sangue de um inocente. Depois que os soldados deixaram o local das lamentações, em sinal de luto profundo, as mães cobriam os rostos com véus. Rabel havia perdido seus dois filhos. Em sua do, não tirou em nenhum alimento e nada durante 3 dias e 3 noites; em sua dor, debruçava-se repetidas vezes sobre as crianças apunhaladas.
Como na 3º noite ela estivesse à beira da morte, seus dois filhos vieram juntos ter com ela na forma de pequenos anjos: “não se lastime, mãe”, disseram eles, “veja com quem a gente pode passear. “Eles afastaram uma cortina de nuvens e neste instante Rabel viu uma mãe, que por um caminho no deserto carregava uma criancinha sorridente nos braços. Ela ia num burrico, acompanhada de um homem. Acima dos Peregrinos os dois filhos de Rabel pairavam e iam para o alto e para baixo, protegendo-os e com eles havia muitos e muitos outros. Alguns rostos pareceram familiares a Rabel. Sim era as crianças de Belém. As duas crianças voltaram-se para sua mãe e disseram: “Veja, mãe, a nós e dada a hora de proteger a criança, na qual um dia vi se manifestar o Messias. Nós a guardarmos da maldade do mundo, que nos atingiu, como somos felizes de estarmos com ela !”
Nisso desapareceram.
Com que consolo Rabel ergueu-se na manhã do 3º dia. Ela envolveu as crianças mortas em seu lençol branco e levou as até o local onde as mães desesperadas haviam preparado as sepulturas. Depois de entregar à Terra os corpinhos inocentes, Rabel reuniu as mães enlutadas, contou como haviam revelado a ela. A seguir as mães enfeitaram de flores os túmulos; a partir de então ali floresce o lindo jardim de rosas de Belém.