Em Memória de Noel (Moema Cardoso)
Moema Cardoso
Chora, Noel
Porque talvez seja este
O último dos dezembros
Chora
Como se a dor
Chicoteasse o dorso das renas
E o seu rastro guardasse
O derradeiro sangue
Ouve o brinde dos sinos eletrônicos
Soando em tuas têmporas nevadas
E tenta, ainda uma vez
Anunciar o Menino.
Vem novamente doce
Como se os pães-de-mel ainda
Adocicassem a noite
E presenteia os homens
Com outros noéis e dalvas luminosas
Para que eles se lembrem de cultivar tua
História e construam manjedouras
À porta das grandes lojas
N´algum lugar esquecido
Deve haver uma lareira
Que aqueça tua memória
E te traduza às crianças.