Textos Diversos

O aspecto artístico da imagem do homem apresentada por Rudolf Steiner (Freddy Heimsch)

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Curso dado pelo Sr. Freddy Heimsch na 
Escola Rudolf Steiner de 5 a 7 de Junho de 1992.

(transcrição e edição de Sonia Setzer)



Primeira Palestra

Temos que começar entendendo a Imagem do Homem a partir de 2 lados? O Antigo Saturno e a situação atual do mundo.
Gostaria de escrever uma seqüência na lousa que mostra as seguintes manifestações da situação atual do mundo:
 
- Gripe, dor de cabeça, alergia, Mal de Alzheimer, AIDS, câncer.
 
Podemos sintetizar tudo isso como sendo insônia. Se agora fizermos uma segunda seqüência, verão a que ela se refere:
 
- Falta de respeito, falta de pudor, egoísmo, falta de veracidade, medo, desregramento (gesetzlosigkeit = falta de leis).
Está havendo uma dificuldade na tradução desta ultima palavra; desregramento poderia ser também criminalidade, mas isso é um pouco forte e todos nós seríamos, portanto, criminosos. Estamos constantemente quebrando as leis da nossa sociedade, mesmo em coisas pequenas. Podemos concluir que esse desregramento atinge a humanidade como um todo. Se eu fosse me dirigir a cada um de vocês e dissesse: Você é um “fora da lei”, vocês naturalmente responderiam: Não, mas como você ousa dizer isto? Mas em seguida entram no carro e guiam a 120 km/h, quando a velocidade máxima permitida é 80Km/h. todos quebramos as regras. Os jovens vão ás lojas e pegam de tudo, mesmo daquilo que não precisam. E se eu puder furtar-me de 30 minutos durante meu período de trabalho, vou fazê-lo. Vivemos sob uma redoma, sob uma pressão de possessão (ser possuído) anímica. Na segunda seqüência temos as doenças da alma, ou seja, epidemias arámicas. Esta é a situação de nosso mundo; num mundo assim nossas crianças nascem, crescem e vão à escola.
 
As doenças físicas provém do corpo físico, embora saibamos que não se trata de doenças puramente físicas, como Rudolf Steiner o descreveu. As mudanças anímicas que cada um sofre quando tem uma doença física, por exemplo uma gripe, são evidentes. No início de cada doença física está um processo anímico.
 
Isto parece muito obscuro, tenebroso e coloquei-o no início de nossas considerações para não termos ilusões. Não faria sentido afirmar que tudo está bem. Uma expressão inglesa diz que “estamos pendurados pela pele aos nossos dentes” o final deste século é tal, que vamos sobreviver por um fio, e temos que procurar a saída.
 
Somente podemos tratar da Imagem do Homem se tentarmos representar claramente a situação em que vivemos, e por outro lado tentar compreender o que Rudolf Steiner nos deu como indicações. Atualmente, só há 2 grupos de pessoas adequadas para solucionar este tipo de problema. Vocês se surpreenderão, mas vou tentar esclarecer isso. Um dos grupos são os professores e os professores de professores, e isto não vale apenas para a Pedagogia Waldorf. A solução está com estas pessoas, mas se elas realmente conseguirão realizá-lo é outra questão. O outro grupo é constituído daqueles que trabalham com dinheiro. Só estes podem desenvolver a moralidade real no mundo, e isso é uma grande responsabilidade. Agora vocês dirão: Certamente outros grupos querem contribuir para uma evolução positiva. Mas estes são os 2 grupos que estão distribuídos por toda a superfície do planeta, de modo conseqüente. Todos os professores e professores de professores atuam no mundo todo como professores; e em qualquer lugar do mundo as pessoas que lidam com o dinheiro seguem as mesmas leis. Mas como os que lidam com dinheiro são a solução para o mundo se são pessoas ruins, que não nos dão dinheiro, e certamente fazem muitas besteiras?
 
Se vocês pensarem no que significa trabalhar com dinheiro, vou descrever-lhes como isto é visto pelo homem comum. Rudolf Steiner considera o dinheiro como sendo um bem, e não como sendo uma posse, um capital. Cada homem que está vivendo no mundo precisa comer para sobreviver. Esta comida tem que ser conseguida como um bem, uma mercadoria, e como a humanidade ainda vive num comércio de troca de mercadorias, tem que se dar uma mercadoria em troca, e para isso ela usa o dinheiro. Nisto reside um certo problema. O dinheiro que alguém recebeu para comprar a mercadoria não chegou a ele como mercadoria, mas como sendo um pedaço de sua vida. Ou seja, as pessoas compram os alimentos com um pedaço de sua vida. Mas esses alimentos têm a sua origem na Terra. A Terra oferece esses alimentos por meio do trabalho do homem. o homem paga com um pedaço de sua vida em produto da Terra, mas esse produto já havia sido pago. Há muito tempo atrás o Cristo fez esse pagamento por nós. Por isso é que o Seu corpo é a Terra. Portanto, damos parte de nossa vida de graça. Isto tem como conseqüência um acúmulo de dinheiro, e esse dinheiro é então oferecido, repassado pelo mundo todo. Agora as pessoas que lidam com dinheiro deveriam cuidar para que esse dinheiro fosse repassado adequadamente. Vocês percebem o campo de influência que estas pessoas teriam. E esta situação pertence àquelas 2 seqüência citadas antes.
 
O segundo, que se refere ao professor, é o seguinte: (Citado da primeira palestra do ciclo Antropologia alcançada por meditação, preferida por Rudolf Steiner em 15/09/1920, cujo título é da vocação pedagógica da Europa Central, na tradução para o português à página 9) no segundo parágrafo consta: “É necessário chamarmos a atenção dos professores e ao fazer esse chamado estamos compenetrados pela ciência espiritual de orientação antroposófica, pretendendo criar a partir dela a pedagogia necessária à nossa era - para a conveniência de o professor ter uma sensação do que é a essência do ‘esotérico’.” E no último parágrafo da mesma página lemos: “Ao fazermos tal afirmação surge logo a pergunta: De onde vem a situação calamitosa em que a humanidade se encontra atualmente? A humanidade tem chegado a essa situação calamitosa porque veio a depender totalmente da maneira específica como o homem ocidental costuma pensar e sentir.” Lemos esses trechos de Rudolf Steiner e constatamos que ele tinha razão, e paramos por aí. O que ocorre se tratarmos ambas coisas em conjunto? Se conquistarmos, como professores, um sentido para o elemento esotérico, e a humanidade hoje se utilizar da maneira ocidental de pensar e sentir?
 
O que significa “Homem Ocidental”? Para alguém na Finlândia, os brasileiros são ocidentais, visto da Sibéria os finlandeses são ocidentais, para os japoneses os mongóis são ocidentais, para os brasileiros os peruanos são ocidentais. Não se trata, portanto, de uma raça ou de um povo, mas de uma tendência, e esta, para Rudolf Steiner, já naquela época era bem evidente. Hoje podemos observá-la em plena flor: tudo tem que ser maior, mais rápido e mais rico. Este é o pensar ocidental no todo. Quem de nós não pensou alguma vez em ser mais rico, ou que as férias viessem mais depressa, na ampliação da firma, etc? A escola corre atrás disso: ela tem que crescer, as coisas devem ser mais rápidas, e assim o movimento pedagógico é puxado para dentro do pensar ocidental.
 
De onde vem isso? É difícil, mas se eu fizer isso em uma palavra as pessoas não me levam á sério. Comecemos estão em Saturno. Você s verão que de lá vem uma possibilidade de compreender o que o homem é hoje, e por outro lado ver o fenômeno do porque a direção não estar correta, e a partir daí caminhar em direção poditiva.
 
Em Saturno os Arques estavam passando pela evolução humana; para eles o corpo físico do homem era a base para realizar essa sua experiência. Por meio dela pôde ser colocada a semente para o Homem Espírito. Na evolução do Sol, o corpo etérico se juntou ao corpo físico e os Arcanjos assim tiveram a sua vivência como seres humanos, e isso permitiu colocar a semente para o espírito Vital. Na lua acrescentou-se o corpo astral, e os Anjos, passando por sua evolução humana, deram a disposição para a Personalidade espiritual.



(desenho)



E agora, na Terra, ainda não está seguro quem estará no ponto central, pois não podemos afirmar que a humanidade de hoje pode concluir o processo adequadamente. Basta lerem o trecho na A ciência Oculta referente à evolução no Antigo Sol, para saberem das complicações latentes. Sabemos porém que o elemento a ser desenvolvido na Terra é o Eu. Não existe um corpo para o Eu, nem um elemento superior, o Eu está no meio. Rudolf Steiner descreve que pela atuação do Eu nos outros corpos se dá o desenvolvimento dos elementos superiores. Temos a imagem do Eu que se insere em 2 direções: de um lado, no físico/corpóreo, do outro no anímico/espiritual. Quero mostrar como essas 2 situações futuras dependem do Eu.
 
Atualmente o homem é o equilíbrio, o fiel da balança, aqui na Terra, para o desenvolvimento futuro; o Eu agora está entre o homem ocidental e o esoterismo. Não se trata de tornar-se um homem ocidental ou um esotérico, mas sim de trazer ambos ao equilíbrio. Esta é a tarefa atual e não podemos escapar de colocar isso como sendo o problema central de nossa pedagogia. Ambos aspectos pertencem ao Eu, ambos constituem uma elevada educação esotérica. Apenas quando visto superficialmente, o pensar ocidental parece ser egoísta, e isso é a imagem refletida que nos ilude quanto a estarmos corretos ou não. Em si, o pensar ocidental não é um pensar errado; ele se torna errado quando fica solto, independente do Eu e do esoterismo. Por trás da intenção denominada “homem ocidental” existem leis esotéricas bem claras; assim como atrás das correntes esotéricas não antroposóficas também existem leis bem claras. Por isso Rudolf Steiner se deu ao trabalho de começar em Saturno, e nós também devemos fazê-lo para compreender que o Eu é a base, o ponto de partida para a compreensão de ambos os lados. Somente podemos fazê-lo se tivermos uma meta. Dizendo: Eu sou eu, e isto basta, não chegamos a lugar algum.
 
O que é o Eu? Como descrevê-lo, cunhá-lo em palavras? A palavra EU é um substituto usado para o entendimento mútuo, mas não podemos descrevê-lo. Por isso é tão difícil descobrir o ponto de equilíbrio da balança. Somente à medida que conseguimos elaborar uma imagem em torno do “ponto Ru”, que tem a ver com o nosso esforço para sermos homens, é que nos aproximamos lentamente da imagem do que é o homem. os Arques já tiveram o Eu como vivência, mas não foi suficiente; os Arcanjos também não tiveram uma vivência suficiente; os Anjos ainda não conseguiram contribuir suficientemente para se entender o eu. Aí chegam seres semelhantes a você e eu, e dizemos Eu, e todos sabemos a que está se referindo. EU só pode ser dito a si mesmo; mas todos somos Eu, e estamos “no mesmo barco”. Tentamos todos compreender cada um. Também refletimos o Eu como as hierarquias o fizeram. A diferença é que os Arqueus, Arcanjos e Anjos se espelharam na corporalidade (corpos físico, etérico e astral) do homem e agora Eu se espelha com Eu. Estamos diante de um acontecimento que nem as hierarquias puderam realizar. Decorre do Ato de Cristo isto poder ser possível, e não meramente devido à evolução. A possibilidade disto ocorrer depende de um Eu se unir ao “Ser Eu” (“Ich sein”). É o “Ser Eu” que pode ser o fiel da balança e manter o equilíbrio. Hoje o homem está em condições de poder realizar esse “Ser Eu”.
 
Amanhã veremos como o homem realiza esse trilhar, que é uma luta. Podemos vivenciar como esse equilíbrio que o Eu tem que manter a cada momento se processa nas situações mais diversas de equilíbrio. As tensões dionisíacas e apolínicas são situações de equilíbrio.


Segunda Palestra

É ótimo que este tema esteja coincidindo com Pentecostes. Não só pelo bom tempo e o calor que os finlandeses estão tendo aqui, mas porque a mensagem essencial de Pentecostes tem a ver com a linguagem interior. Para poder ouvir esta linguagem interior é preciso ter um determinado órgão. Logo vocês pensarão num ouvido, mas tenho que decepcioná-los, pois o ouvido não ouve a linguagem interior. Com o ouvido podemos ouvir a música interior, mas não a linguagem interior. O lado espiritual da música pode ser escutado pelo ouvido, mas o que é descrito no Pentecostes original, o que os apóstolos ouviram, foi possível pela compreensão das diferentes línguas que estavam ao seu redor. Vamos aprofundamos nisso, pois é a nossa meta: ouvir que o homem realmente é. Mas ainda necessitamos de alguns tijolos para essa obra.
 
Ontem comecei com uma imagem um tanto opressiva. É preciso que percebamos isso, de modo que não queiramos logo maquiá-la. Do contrário, devemos nos alegrar pelo fato de podermos reconhecer isso. O fato de poder alegrar-se com algo negativo é um exercício bem determinado, que Rudolf Steiner descreve aos professores e pedagogos curativos, e todos os outros que se interessarem por ele: é o interesse. Quanto mais profundo e intenso for o interesse, tanto mais satisfatórios serão os resultados, o discernimento.
 
As duas seqüências de epidemias que descrevi ontem como sendo situações da nossa época, têm que ser reconhecidas, cada uma por si, para que possamos suportá-las. É terrível notar como as pessoas vivem hoje. Isto só e suportável porque sabemos que em algum lugar dentro de nós existe a possibilidade correta.
 
Quero acrescentar outras palavras do final da terceira palestra do mesmo ciclo citado ontem, cujo o título è O conhecimento espiritual do homem ascende a parte pedagógica,  21/09/1920, na tradução para o português, à página 33, segundo parágrafo: “Todas as considerações de uma pedagogia baseada na ciência espiritual, tais como as temos feito aqui, visam a um conhecimento mais íntimo da ser humano. Quando meditarem sobre elas, tudo isso continuará a atuar dentro de vocês. – Quando, por exemplo, vocês comem um sanduíche, estão diante de um ato consciente; mas não poderão influenciar o que vem em seguida, quando o sanduíche passa pelo complicado processo de digestão; mas este processo não deixa de ter lugar, e sua vida em geral muito dependerá dele. Ao estudarem a antropologia como temos feito, vocês primeiro a vivenciam conscientemente; meditando, em seguida, sobre ela, um processo digestivo anímico-espiritual ocorre dentro de vocês; e este processo torná-los-á pedagogos e ensinadores. Assim como o metabolismo os torna homens vivos, essa digestão de uma verdadeira antropologia pela meditação os transforma em educadores. Sua posição diante da criança será outra, desde que assimilem tudo que apenas de uma verdadeira antropologia antroposófica. O que somos, o que atua em nós e faz de nós educadores realiza-se pela assimilação da tel antroposofia através da meditação. E considerações como as de hoje, sempre repetidas, porão em movimento toda a vida anímica, mesmo se a elas dedicarmos apenas cinco minutos por dia. Seremos indivíduos tão fecundos em  pensamentos e sentimentos que estes passarão a jorrar de nós. Á noite meditamos sobre antropologia e na manhã seguinte veremos jorrar para fora de nós: com o Joãozinho convém fazer isto ou aquilo; ou: aquela menina precisa disto ou daquilo. Numa palavra, saberemos como agir em cada caso isolado.”E um pouco mais adiante: “ Se vocês tiverem a força suficiente, três segundos de trabalho interior serão o bastante para constituir, em matéria de linguagem, um manancial, aplicável à educação, suficiente para um dia inteiro.
 
Trata-se de um dos princípios básicos que Rudolf Steiner não expressa com tanta clareza em nenhum outro lugar. Quando ele diz algo muito importante, ele usa palavras estrangeiras, no alemão, o que ocorre neste trecho.
 
Assim, também aquilo que apresentamos ontem deve ser algo que pode ser resumido em 3 segundos, mas para verbalizá-lo precisamos de mais tempo. Também hoje vamos precisar de mais de três segundos para a continuação do tema. Talvez possamos entrar num debate frutífero dentro de alguns anos, com uma introdução de apenas 3 segundos.
 
Ontem terminamos falando do Eu e de sua tarefa de manter o equilíbrio. Num dos pratos da balança estava o homem ocidental e no outro prato, o homem esotérico. Naturalmente perguntamo-nos porque esses 2 lados são diferentes. Tentaremos elucidar esse ponto mais detalhadamente. Todos nós dizemos EU de nós mesmos, “este sou eu”, “este é o meu corpo”, mas infelizmente isto é uma ilusão. O que realmente me pertence é tão mínimo, que é quase imperceptível.
 
Durante a Primeira Guerra Mundial, houve uma época em que Rudof Steiner proferiu palestras de um cunho profundamente esotérico para um público mais amplo, abrindo o que até então era mantido num círculo bem fechado, a Escola Esotérica. A maneira como ele falava era diferente do que ocorreria na Escola Esotérica, mas o conteúdo era equivalente. Numa palestra de novembro de 1914 ele aborda o corpo humano. O que apresentei ontem como sendo as epidemias físicas e anímicas é o que deve ser relacionado ao que foi dito daqui em diante.
 
Se fizermos um desenho bem esquemático do homem, temos em princípio 2 lados. Sabemos que muitos órgãos são simétricos, e a primeira ilusão a ser superada é que o lado direito é igual ao esquerdo. Temos 2 olhos, 2 ouvidos, 2 mãos, e isto vale tanto para o âmbito físico, prático, genérico, que, quando como destros queremos fazer algo com a esquerda, e vice-versa, notamos que os 2 lados realmente não são iguais. Em situações muito mais sutis respiramos diferentemente com o pulmão direito que com o esquerdo. Podemos organizar a respiração de tal modo que um determinado ar vá para o pulmão esquerdo e outro tipo de ar vá para o pulmão direito, e que na expiração se forma uma mistura. Por quê? Basta informar-se mais sobre exercícios de Ioga que teremos a resposta. Porque inspirar pelo lado direito e expirar pelo esquerdo e vice-versa, se não houver importância esotérica por trás disso? Podemos passar por várias gradações, desde canherismo/destrismo, o mais grosseiro, até as mais sutis.
 
Segundo Rudolf Steiner, as diferenças são conseqüências de 2 forças que vêm do mundo: da direita vêm as influências de Árimã e da esquerda as de Lúcifer. Estas 2 forças movem-se do exterior para dentro do corpo físico e estruturam o organismo global do homem segundo essas tendências. Devido à competição entre estes 2 senhores, não há acordo sobre a linha mediana. É como se cada um parasse um pouco antes de chegar ao meio; na região que vai da laringe ao plexo solar eles não chegam a um acordo do que pertence a quem.


(desenho)



Mas isso ainda vai bem além. Rudolf Steiner também descreve uma linha que fica na base do crânio e outra representada pelo diafragma, sendo que Lúcifer se apodera vindo de cima até a base do crânio, enquanto Árimã vem de baixo, chegando até o diagrama. Na vista lateral temos a atuação de Lúcifer vindo pela frente até chegar ao osso esterno, e Árimã vem de trás até atingir a coluna vertebral. Tudo que estás nas regiões citadas é domínio de Lúcifer ou de Árimã.


(desenho)


O fígado, por exemplo, é arimânico, o coração é luciférico, o cérebro é luciférico, nosso sistema digestivo e reprodutor é arimânico. Onde estou EU?
Ainda bem que Lúcifer e Árimã não chegaram a um acordo onde está o limite, pois assim deixaram um espaço vazio, permitindo ao homem ter um espaço livre. Este espaço vai da base do crânio até o plexo solar, e é um espaço mínimo, sutil, e se o tirarmos dessa estruturação, desse contexto, e o colocarmos diante de nós, temos a imagem da espada de Micael: isto é, a liberdade. Podemos imaginar que Micael colocou seu punho bem no alto da cabeça e cravou a espada, entre Lúcifer e Árimã, para dentro do organismo aéreo do homem. Vendo isso do lado humorístico: a liberdade do homem é puro ar! Depende de nós o que colocamos dentro desse espaço, pois só nos é dado o espaço. Mas, como vimos, esse espaço é um “meio”, que está dentro de nós e separa os 2 lados. No âmbito físico Lúcifer e Árimã perderam.
 
Lembrem-se das doenças citadas ontem. A gripe é um ataque a esse espaço; coriza, tosse, pneumonia. O Mal de Alzheimer é um mal que acomete os idosos, que perdem a relação com o mundo que os circunda. Trata-se de uma desorganização do sistema nervoso central, e aumentou muito nos últimos 20 anos. Antigamente chamava-se esta doença, quando acometia pessoas com mais de 70 anos de idade e que perdiam o contato com a realidade, de senilidade. Hoje ela já atinge pessoas com 40 anos: elas perdem a memória, a orientação, o controle das funções corporais, etc. Semelhante à AIDS, o Alzheimer invade o corpo, a primeira pelo sistema reprodutor e o segundo pelo sistema nervoso. E temos ainda aquela doença que abrange o corpo todo, ocorrendo principalmente no metabolismo, o câncer. Vocês vêm que a luta pelo que resta nesse espaço do homem está em pleno vapor.
O importante, agora não é encontrar uma cura ou terapia, mas reconhecer o processo. Devemos perceber que o espaço livre deve ser mantido livre através da consciência. Porque Rudolf Steiner cita a “digestão do esotérico” como digerimos um sanduíche? Meditar equivale a comer sanduíche. Assim como podemos passar sem pão com manteiga, não podemos passar sem meditação. Isto não significa construir um altar para se retirar de vez em quando, e ainda “pirar” de vez, mas utilizar qualquer momento do dia em que não tenhamos que realizar algo de concreto para fazer meditação. Assim ocupamos o espaço livre e dizemos a Lúcifer e Árimã: “Eu estou aqui”, e eles então sabem que não podem entrar lá.
 
Eu sei, por experiência própria, que gostamos de inventar mil desculpas para dizer que no momento não dá para meditar, que não estou legal, que não estou equilibrado, que vou prejudicar, etc. Naturalmente devemos meditar um mantra numa situação propícia para isso, mas isto só será possível quando tivermos desenvolvido a força para fazer as meditações momentâneas. É melhor 3 segundos do que nenhum segundo, pois então ocupamos o espaço livre por 3 segundos. Se a partir disso entramos numa sala de aula e dizemos aos alunos, jovens ou seminaristas que Eu tive umas idéias, este Eu terá uma sonoridade bem diferente. Tudo depende desse som, pois ele se torna um estímulo para a criança e o adulto, para, durante a noite, se ligar ao conteúdo deste som. De modo que o que na vida diurna soou exteriormente, de noite soa interiormente. Assim os docentes ligam os discentes à essência do esotérico. E se vocês concretamente têm 3 segundos de meditação por dia, vocês terão uma consciência diferente do Eu, pois tornaram-se senhores do espaço livre. Conseqüentemente a palavra “eu” soa diferente do que quando a digo sem ter dominado este espaço. Cada pessoa ouve essa sutil diferença, mesmo que não conscientemente. Imaginem um professor que leva sua classe durante 8 anos. Durante 8 anos, todos os dias os alunos ouvem esse elemento. Depois os alunos vão para o segundo grau, onde encontram professores especializados, e constatam que mais professores deixam soar esse elemento. O que se desenvolve nesses jovens? Um anseio pelo esotérico. E hoje esta é a única possibilidade de interferir na segunda seqüência de doenças, as anímicas.
 
Por isso é importante que já no âmbito físico exista esse espaço citado. Não faz sentido falar das tentações de Lúcifer e Árimã hoje em dia, ou dizer: “ele tem um pensar arimânico” ou “fulana é uma pessoa luciférica”. Há um mal entendido que se espalhou a partir das indicações de Rudolf Steiner, levando isso a um nível tão pessoal. Imaginemos o que seria ter um pensamente realmente arimânico. Deveríamos chegar ao nível da segunda hierarquia, os Exusiae, e quem conseguiria tanta proeza? Seria fantástico ter sentimentos luciféricos: iríamos explodir de tanto sentir. Que morte linda! Mas imaginemos que andemos pelo mundo fazendo um punho cerrado com a mão direita e que tenhamos a mão esquerda apalpando atrás nas costas. É assim que concretamente podemos vivenciar Lúcifer e Árimã. Se vocês puderem estar numa reunião junto com alemães castiços, que reforçam seus pensamentos claros com batidas do punho cerrado na mesa, podem notar sob influência de quem estão. O fígado é o órgão-punho de Árimã dentro de nós, enquanto no coração temos a constante tendência do bater-de-asas luciférico, que nos puxa para fora de nós. Por isso gostamos de ver pássaros voando. Estes elementos são realidades e temos que nos conscientizar a partir de onde podemos percebê-los. Temos muitas fontes em Rudolf Steiner e outros autores antroposóficos que nos fornecem extenso material, mas não nos permitem um aprofundamento.
 
Se agora vocês imaginaram os lados direito e esquerdo, frente e trás, embaixo e em cima, suporem a cabeça desenhada de cima, temos os olhos em cima; na vista de frente, temos o eixo vertical e os olhos formando uma cruz, que corresponde à consciência de nossa situação visual. No esquema da vista de cima também temos a linha central, e tomando outra linha atrás da cavidade orbicular, também surge uma cruz. Temos, portanto, 2 cruzes na organização da cabeça.


(desenho)

Se vocês imaginarem o gesto de Micael, a espada penetra atrás do cruzamento superior e se fecha atrás do cruzamento facial. Este é o local da situação terrena do Eu. Este não é um pensamento anatômico, mas um pensamento relacionado a uma intenção. Por exemplo, quando Rudolf Steiner fala da atuação de Lúcifer, ele diz que este ergue (“türmt”) o estômago, que este último seria como uma torre de onde Lúcifer envia setas para o fígado de Árimã, que devolve com catapultas (pedras); e se Árimã estiver vencendo surgem cálculos biliares. Temos que vivenciar isso imaginativamente para poder compreendê-lo com maior facilidade. Voltando aos cruzamentos na cabeça, temos um elemento concreto que vai até a base da laringe, vindo de cima.
 
Conhecemos bem os estados emocionais quando dizemos que temos um “nó na garganta”. Isto ocorre quando tentamos não chorar, devido a uma emoção positiva ou negativa. O espaço de liberdade se manifesta abaixo da laringe. A espada tem uma forma bem real: em cima da empunhadura está a pedra preciosa, depois a própria empunhadura, depois vem a proteção, e só então o espaço de liberdade. E na região da proteção está o órgão fornecedor. Se Lúcifer penetra excessivamente na laringe, a voz trêmula em direção ao agudo; se Árimã vem pelo outro lado, a voz endurece, torna-se rígida.

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Os Sr. Freddy respondeu a 2 perguntas. A primeira era sobre as profissões de professor e de quem lida com o dinheiro, como os únicos a poderem solucionar os problemas existentes. RESPOSTA: Trata-se de ver um caminho a partir da Ciência Espiritual, senão tudo seria sem esperanças. O professor é quem pode levar o homem a interessar-se pelo esotérico. É importante que cada vez mais pessoas se ocupem do campo esotérico. O professor acompanha a criança desde o Jardim de Infância até aproximadamente os 18 anos, em todo mundo. Naturalmente outros profissionais como o médico, o sacerdote, o psicólogo, também atuam sobre o ser humano. Se alguém procura o médico por causa de uma dor no braço e recebe como orientação que deve meditar... realmente isso não tem sentido. O médico tem que ter cuidado com isso. Já o professor te a sua disposição as crianças para conduzi-las em seu desenvolvimento. Quem lida com dinheiro tem uma influência importante no comportamento social, a partir de questões esotéricas profundas. Pode-se influenciar todo um contexto social com um modo de pensar que tem a ver com a aplicação de dinheiro. Isto também é igual no mundo rodo. Os políticos estão divididos em facetas diversas, mas como lidar com dinheiro, é igual no mundo todo. Por isso essas 2 profissões são expoentes.
A outra pergunta estava relacionada à meditação de 3 segundos.
 
RESPOSTA: Quanto à meditação de 3 segundos, trata-se de uma das indicações mais importantes de Rudolf Steiner, e podemos nos perguntar porque ela foi dada aos professores. É porque entre eles existia uma possibilidade de que fosse praticada, devido à pressão. Sem esta atividade mediante não se tem bons resultados em sala de aula. A título de ilustração vou contar-lhes uma anedota: Uma reunião de professores foi até as 3h da madrugada. Um professor pergunta a Rudolf Steiner: “Como é que eu vou dar aula amanhã?”, ao que Steiner respondeu: “Vá dormir e prepare a aula ao subir a escada para a classe”. Isso pressupõe que tenhamos nos exercitado no exercitar; não é possível de outra forma. Os exercícios colaterais são a base, e se os praticarmos durante um certo tempo, aprendemos a organizar os 3 segundos. Para isso temos que acrescentar a capacidade de auto-obediência (obedecer a si próprio). Naturalmente existem 50 bilhões de desculpas, mas só uma possibilidade de realização, que é: agora.

Uma outra pergunta era sobre o espelhamento de Eu com Eu.
RESPOSTA: O Eu pode espelhar-se em si mesmo; é quando colocamos os polegares nas axilas tendo os outros dedos à frente do tórax, dando ares de importante. Trata-se de um auto-espelhamente, e significa que estou apresentando minha aparência ao mundo. Ontem abordei isso superficialmente. Todos nós somos portadores de um Eu. Quando, no Jardim Zoológico vemos os macacos, que podem ser tão parecidos ao homem, não os reconhecemos como sendo portadores de um Eu, por mais amor que possamos sentir por eles. No confronto com o animal falta o elemento do “encontro” com um outro Eu. A percepção do Eu do outro é um processo sensorial, como ocorre com os outros sentidos também, isto nem sempre é totalmente consciente, mas é tal forma que sabemos que lá está uma outra pessoa, mesmo que seu Eu não esteja ocupando o espaço livre. Na atualidade existem poucas pessoas desprovidas de um Eu, e não vamos aprofundar este tema, porém ele deve ser mencionado. O Eu que não preenche o seu espaço desprende-se um pouco, situa-se um pouco atrás e acima da pessoa em questão. Não imaginem agora que esse Eu paira em algum lugar, e que exista um gancho por meio do qual ele possa ser puxado para dentro. O gancho está na região do plexo solar, é aqui que se traz o Eu para dentro. Isto quanto à percepção. Como pedagogos curativos podemos aprender a perceber até que ponto o Eu está entrosado ou não na organização. O desenho que eu fiz mostra a região no âmbito físico. Quando lidamos com jovens podemos perceber que ao se colocarem diante da classe para contar algo, alguns tem uma mancha vermelha na altura da laringe, outros 2 manchas submandibulares. Nem precisamos prestar atenção no que dizem, mas ficar satisfeitos, pois eles estão tendo uma vivência do Eu. Também quando alguém fala podemos perceber algo. No Seminário de Pedagogia Curativa há o exercício da obediência, que também vale para p professor comum, e que é importante onde não existe a compreensão da palavra, do tempo, etc. a obediência tem que ser conseguida sem o uso de violência, ou seja, por meio da fala. O que ocorre normalmente é que se diz à criança: “sente-se”, e ela não senta, e repetimos a ordem cada vez mais bravos e nada acontece e, finalmente, chega um outro pedagogo curativo que diz: “Sente-se”, e para estupefação geral a criança logo senta. Primeiro temos que aprender a obedecer a nós mesmos; desse modo estou levando a espada novamente para dentro de mim e isso faz que as cordas vocais recebam algo do aço da lâmina. Falando com uma determinada intenção,o aço ressoa, e a criança percebe isto imediatamente por meio de uma percepção sensorial do sentido do Eu.
 
O espelhamento é uma situação de reconhecimento espiritual. Os americanos fizeram experiências em que pessoas viviam sozinhas numa ilha, para testarem os limites do stress humano, e notaram que nesta situação o homem passa a desenvolver comportamentos muito estranhos. A vivência de reconhecimento do próprio Eu pelos outros é que traz segurança. É simples entender isso por meio de uma imagem: suponham a cabeça vista de perfil, e atrás dela está o germe do espírito. Este germe espiritual acompanha o homem durante toda sua vida sem se encarnar. E agora surge no homem o “habito” do Eu, o que pode ser observado na criança em torno dos 2 anos de idade, quando se desenvolve um elemento forte quanto à postura da cabeça. É como se ela apoiasse sua cabeça em alguma coisa atrás, e isso coincide com a “entrada” do Eu., que vem à consciência no terceiro ano de vida. A criança vivencia então, quando começa a formar a fala, o preparo para a organização para o Eu. Também isso, que nos acompanha durante toda nossa vida, é o espelho para a consciência para o Eu. Aqui no fundo se espelha a consciência.


(desenho)


É fácil estudar isso quando Rudolf Steiner fala do sistema sintético e analítico. Só que o que está na parte posterior da cabeça está num nível acima, na organização para o Eu. O espelhamento não permanece na cabeça, mas irradia pela parte frontal da face para fora. Portanto, a consciência do Eu se espelha na organização para o Eu e irradia para fora através da face, e é isto o que nós percebemos nos gestos dos olhos, na mímica, na postura, etc. Todos os homens fazem isso, constantemente estamos vivendo nessa sensação de espelhamento: Eu espelha-se com Eu. Cada encontro é uma manifestação desse espelhamento mesmo que não ocorra um contato direto com o outro. Vocês podem experimentar isso no colegiado de professores, e isso tem uma atuação imediata sobre o homem. Eu fiz um desmembramento do processo; há outras maneiras de esclarecê-lo.
Outra pergunta foi relativa ao pagamento antecipado feito pelo Cristo.
 
RESPOSTA: Vocês talvez conheçam o livro cujo título é “Não só de pão vive o homem”, frase que se transformou num jargão. No livro é descrito um campo de concentração na Sibéria, em sua região mais nordeste, do qual alguns presos fugiram até alcançarem o Himalaia. A estória é bonita não precisa ser verídica, mas o autor que o homem não vive apenas de pão, embora necessite comer. Sem comida ele não pode sobreviver por muito tempo. De longa data sabemos que comércio é troca de mercadorias; trocamos determinados valores de mercadoria por mercadoria de fato. Todos fazemos isso, por sorte bem inconsciente. Temos, porém uma relação peculiar quanto aos alimentos. Em alemão estes são denominados “Lebensmittel”, o que traduzido ao pé da letra significa “meio de vida”, e isso já diz tudo: é o que necessitamos para viver. Estas mercadorias também são de natureza viva, ou seja, mantemos a nossa vida com elementos vivos, e estes provêm da Terra. Também o ar que respiramos, e de que precisamos para viver, vem da Terra. Na história da evolução do homem, ao final da cultura egípcia, ocorreu um endurecimento, um processo de cristalização decorrente de erros cometidos pelo homem, de modo que podia haver o risco de que seres humanos que quisessem encarnar-se não pudessem mais manter os corpos vivos. Espiritualmente isto foi previsto 2000 a.C. Rudolf Steiner descreve que os Atos pré-terrenos do Cristo não foram suficientes para dar uma guinada nesse processo, de modo que o Ser Cristo teve que se decidir, e decidiu-se, junto com as hierarquias mais elevadas, a incorporar-se como Ser espiritual. Esta incorporação resultou numa encarnação, o que significa que um ser espiritual, que não tem uma necessidade de encarnar-se o fez num corpo físico, sofrendo conseqüentemente a morte. A vivência da morte é uma vivência bem determinada. Comparada ao sono, é o momento em que o corpo etérico também se desprende. Mas este corpo etérico estava permeado por 2 correntes de forças esotéricas bem determinadas: o impulso de Buda e o impulso de Cristo, sendo que este último era o de livrar a Terra do processo de cristalização. Isto significa que o impulso de Amor pode impregnar-se na estrutura da Terra e por outro lado o corpo da Terra foi novamente vivificado. Falando em “Lebensmittel” isto quer dizer “a nova vida recebida pela Terra”. E agora voltemos ao pagamento. Quem pode pagar isso? O fato é que nem todos os homens concordam que seja assim, muitos dizem “que seja, mas...”, e disto resulta o perigo de desintegração da evolução da Terra. Vemos então que damos dinheiro por algo cujo valor não conseguimos estipular. As pessoas que trabalham a Terra necessitam de dinheiro para comprar roupas, máquinas, etc., mas o produto que elas produzem não é pagável, pois não tem valor no âmbito das mercadorias de troca. Vocês podem ou querem trocar sua vida por alguma coisa? Somos obrigados a vender a nossa vida; cada dia de 8h de trabalho é venda de tempo de vida, mas não de vida. Ninguém pode comprar ou vender a quantidade de vida; não dá para doar parte da nossa vida, pois não sabemos de quanto tempo dispomos. O fato de darmos certas somas por um produto que não é pagável faz com que esse dinheiro, dentro da situação econômica, assuma um papel bem específico. Porque bananas custam pouco, se tantas pessoas vivem das bananas? Aí estão os buracos negros da economia. Quanto mais buracos negros houver na economia, tanto mais buracos negros haverá no universo. Criam-se acúmulos de valores que são para originar um impulso econômico bem determinado. Infelizmente esses valores hoje são usados para dominar povos ou pessoas. Basta vocês observarem as listas de multinacionais no mundo: procurem as que não trabalham com alimentos; serão muito poucas. Todas têm uma cadeia de supermercados ou distribuidora de alimentos ou investem em terras agrícolas. Porque? Por que sabem que de lá vem o dinheiro livre, pois uma banana que vale um tostão pode ser vendida por bem mais, pois as pessoas estão dispostas a pagar. Pelo fato de trabalharmos com alimentos estamos apoiando um determinado impulso esotérico, que é o do homem ocidental baseia-se no princípio do tornar-se cada vez maior, mais rápido, e assim a qualidade de vida aumentada cada vez mais, sendo que o que vale é o aspecto quantitativo e não o qualitativo. O progresso dos países desenvolvidos frente aos do terceiro mundo (em desenvolvimento) é colocado como se nos países do primeiro mundo se vivesse muito melhor, porque possuem mais. Em realidade, quanto mais se tem, tanto menor é a qualidade de vida, pois se deseja cada vez mais. Acreditam que 2 carros trazem mais felicidade do que um carro. Em contrapartida coloca-se um ideal para os países do terceiro mundo: por meio da industrialização trabalha-se menos e ganha-se mais; e as pessoas tão infelizes como as do primeiro mundo. Por trás disso estão as intenções das forças adversas: que nos liguemos à matéria e através disso tenhamos sentimentos de felicidade. Esta é a intenção. Quem oferece isto já tem, a nível filosófico, uma intenção bem clara, que é amarrar as pessoas. Basta ver a evolução da economia nos últimos 30 anos no Brasil e nos outros países da América Latina e África, que seguem o mesmo esquema. Oferece-se um nível de vida melhor, que estimula certos sentimentos na sociedade, e a economia é regrada de tal modo que o padrão de vida não se realiza. Os sentimentos estão á frente da realidade. Imaginem que agora vocês estivessem preparando seus filhos para a expectativa do Natal, o advento, as 4 semanas, etc., e quando o Natal chegasse, não festejassem o Natal. É isto o que determinadas intenções estão fazendo no mundo. É como se dissessem: ”este ano não haverá Natal, mas se você for bonzinho, vamos tê-lo no próximo ano”. Esta tendência esotérica está ligada ao processo que no antigo Egito o endurecimento. Naquela época a atuação foi no âmbito etérico; hoje, no espelhamento da época egípcia, isso ocorre a nível anímico; é atar a alma ás substâncias terrenas. Por isso surge ao facilmente o mal-entendido de que dinheiro = capital.



Terceira Palestra

Tenho intenções específicas se trago esse tema da Imagem do Homem da Maneira como o estou fazendo. Até agora já deve ter surgido algo de inesperado, e esta era a minha intenção, pois espero que em algum momento, de algum modo, surja um discernimento brasileiro em relação a este assunto. Num tempo que não pode demorar muito temos que estabelecer claramente o que é o Espírito de Povo brasileiro,  e minha maior esperança está nos professores, que eles possam desenvolver um sentimento a esse respeito. Cada um poderia ter um caderninho onde anotaria todas as características e situações que tem a ver com o Espírito de Poço brasileiro, e dentro de 2 anos poderíamos voltar a tratar do assunto, com bastante material, para conseguirmos uma imagem e trabalhar em conjunto.
 
É importante ter bem claro que até agora falamos da situação física, e quero esclarecer bem o seguinte: se nós nos comportamos perante o Cristo da maneira antroposófica tradicional, estamos errando. O que está aí é algo maravilhoso, um milagre. Se pensarmos no “templo”, o corpo humano é um templo de cuja construção participaram potências como Árimã, Lúcifer, Micael e outras. O que significa isto? Não só a segunda ou terceira hierarquia, mas também seres que estão acima da primeira hierarquia atuaram. Imaginem como surgiu a forma da cabeça: o fechamento da cabeça se deve a Lúcifer, para que Árimã possa espelhar-se lá de baixo. Imaginem a felicidade de Árimã em poder espelhar-se em cada um de nós! Milhões de pessoas! Ou então Árimã que organiza e ativa o sistema digestivo e Lúcifer que se delicia nesses processos, dissolve-se em sabores diferentes, prazeres diferentes, etc. e Micael cem então e diz: “Não, não. Não tudo. Eu também quero ter um espaço determinado, só que eu não vou entrar nele, mas colocar a minha intenção. Se vocês não se comportarem direito eu entro lá, mas desde que vocês mantenham distância suficiente, não o farei”. Por isso o homem pode preencher esse espaço, através do canal de entrada do ar. Temoa aí uma situação bem determinada.
 
O mundo espiritual tem um “escritório de engenharia”, tem instalações muito econômicas, pois lá em cima eles também são um pouco preguiçosos, como nós. Decidiram encontrar uma forma válida para todos os princípios de sua engenharia: é o homem. Neste homem pode-se encontrar outro homem, e neste, por sua vez mais um homem, e esta forma se encontra em todas as estruturas que compõem o homem. Vocês todos conhecem a Teoria da Metamorfose de Goethe. No edifício da coluna vertebral uma vértebra é a base de todas as estruturas e formas que não sejam órgãos. Essas estruturas são metamorfoses dessa vértebra. A imagem dessa estrutura vertebral é repetida em todos os órgãos; não a forma, mas a tendência interior da vértebra é que aparece nos órgãos. Só temos um elemento de construção, e temos que compreender como ele se metamorfoseia nos diferentes órgãos.
Nos desenhos feitos de manhã temos um determinado órgão: a laringe (AM alemão “Kehlkopf”, o que significa “cabeça de traquéia”). Fazendo um esquema simplificado, quero mostrar a tendência desse órgão. O ar atravessa a laringe, que não é óssea, mas cartilaginosa, e está inserida na traquéia. Aquela é um dos órgãos mais especiais do homem.

(desenho) (“ombro da laringe”)


Rudolf Steiner descreve como na metade da época atlântica Micael abriu esse órgão para o homem. Portanto deve ter sido um órgão fechado até então, parecido com a nossa cabeça. E só havia a possibilidade de produzir um som através de uma pequena abertura e fechamento do órgão. Esses sons eram i que existia como comunicação entre os homens. Em compensação a organização da cabeça era bonita, e a forma que temos na mira dos bispos, nas coroas dos reis, até mesmo na cartola, é um resquício daquela situação. A melhor invenção foi a cartola dobrável, pois então ela se tornou desnecessária. Na mesma época, quando tudo fechou (na segunda metade do século XIX), surgiu o chapéu – côco. Somente os ingleses ainda pensam no passado. Da metade da época atlântica, através da catástrofe atlântica, vamos com a migração dos povos até a índia, passando por todas as épocas pós-atlânticas e chegamos finalmente à época atual. Junto com o fechamento da cabeça abriu-se a laringe. Vocês lembram como na  velha Índia havia as reuniões com os 7 Rishis nas aldeias, que duravam semanas, em que se contavam as estórias referentes à evolução da Terra, e assim o órgão da fala se desenvolveu a ponto de poder formular palavras cujo conteúdo tinha um lastro espiritual. A abertura finalizou na cultura grega, quando se podia expressas conceitos abstratos; conceitos que não tinham ligação com uma experiência direta, mas que só podiam ser mantidos no pensar. Neste momento começa a penetração da espada. E é na cultura grega que começa a existir o conceito de liberdade. Antes os homens nem tinham anseio por liberdade, pois a vivência deles era hierárquica. Mas com a aproximação do Eu para dentro da organização para o Eu começou a necessidade de liberdade. É importante saber que este período está relacionado com Micael. Pouco antes (200 anos) disso, temos os ensinamentos de Buda.
 
Temos, então, a laringe totalmente desenvolvida desde a época grega. O surgimento dos poemas épicos, dois mitos, das narrativas dos historiadores faz parte da evolução do órgão da fala. Temos aí um acontecimento fantástico: a laringe é tanto um órgão de percepção como de ação. Existem quadros patológicos em que a fala se torna mecânica e automática, e isto pode ser reproduzido por um computador. Há filmes em que temos uma voz computadorizada: eles são monótonos, embora a palavra sai com clareza. É surpreendente tentar imitar isso com o nosso órgão fonador. Isto é possível porque a laringe está envolvida por uma roda do sistema nervoso.
 
A abertura feita por Micael foi necessária pelo aspecto per.... Na laringe temos o órgão de sentido da palavra e o órgão da fala, e ela se situa no ponto em que se inicia a lâmina da espada, sendo que logo acima está a apara (proteção). Não é fácil compreender isso. Olhemos para o esquema da laringe. Podemos reproduzi-lo com o corpo todo cruzando os pés e trazendo as mãos de encontro ao tórax, vindas pela frente, na altura dos ombros. Sabemos que a região dos ombros é importante para o equilíbrio do homem em sua posição ereta. Os pontos voltados ao equilíbrio são os olhos, os ouvidos, os ombros e o quadril, e por meio deles amoldamo-nos ao meio. O equilíbrio nos ombros traz-nos o contato social: o braço é compartilhar o meu equilíbrio com o outro. Nas danças folclóricas também aparece esse aspecto social. O mesmo elemento temos na laringe: no ponto do “ombro da laringe” o que não é social, é desviado, “dá-se de ombros”. Novamente uma solução econômica: é a repetição do gesto. E agora a ponta dos pés está no ar, e procurem imaginar a postura descrita antes, mas agora suspensa no ar. Esta sensação de um ato de equilíbrio fantástico é o ponto superior da espada, isto é, a intenção do equilíbrio se repete novamente no plexo solar, onde se apóia a ponta da espada. E agora estamos inseridos com o nosso Eu entre essas 2 situações de equilíbrio. Esta é a primeira imagem do Homem.
 
 
Quarta Palestra

É pertinente tratar desse assunto em pentecostes, pois vocês já devem ter percebido que muito do que dissemos tem a ver com o sentido da fala, e tudo começou com uma pergunta no ano passado, quando houve queixas de que os sentidos superiores não foram tratados com profundidade. Assim, trataremos de um deles este ano, e no próximo de outro.
 
Quero frisar que neste curso o importante não é o conteúdo em si, mas o método. Não quero transmitir conhecimento, pois este cada um pode adquirir por si, mas o que importa é o método. Freqüentemente existe medo nisso, e quero mostrar que não se precisa ter medo, pois o dragão está sempre onde não imaginamos encontrá-lo.
 
Hoje vamos mudar de campo e voltar nossa atenção para o nível da alma. Vocês lembram que descrevemos a situação das doenças do nível e muitos dirão que as doenças têm origem anímica, mas não podem ocorrer no corpo astral. Se não entra aí o corpo astral, acontece uma catástrofe. Para uma doença acontecer, o corpo astral tem que ser levado ao corpo físico e o corpo astral recebe a sua direção da alma. Esta percebe a doença a partir do âmbito físico (órgãos sensoriais), que a põe em contato com o mundo físico. As seqüências de doenças que vimos empestear a humanidade neste século encontram-se em âmbito anímico. O que vale hoje é a sensibilidade que as pessoas têm. Estas doenças já existiam antes, elas não são novas. São seres que há milênios transitam no âmbito terrestre, mas neste século elas tornaram-se epidêmicas, a sensibilidade tornou-se maior. Por quê? Porque justamente neste século?
 
A resposta é simples, mas não é tão fácil sustentá-la por meio da consciência. Rudolf Steiner disse que em 1899 terminou o Kali Iuga. Desde então a vivência do elemento espiritual é acessível ao homem. O que significa isso? Que elemento espiritual, que espírito, etc.? A experiência do Eu é que é a experiência espiritual no homem. se o Eu é algo espiritual, ele contém todo o elemento espiritual. Mas se o Eu é usado ele não está disponível, e então se retrai. O Sr. Schmidt-Brabant fez uma descrição fantástica numa palestra, que para mim (Freddy) significou uma abertura total. Ele disse que o homem é a natureza possuída por um Eu. Voltando à primeira figura desenhada ontem: se o espaço livre é ocupado pelo Eu temos exatamente isso, ou seja, a natureza possuída por um Eu. Se esse espaço não for ocupado por um Eu teremos uma outra situação.
 
Por um lado temos as doenças, do corpo físico. Vocês conhecem o estado que acomete alguém que está com câncer, dor de cabeça, ou gripe, ou doenças mais específicas como o mal de Alzheimer ou AIDS, em que o espaço livre como que derrete. Isto pode ser físico – como na gripe, quando estamos cheios de líquidos estranhos e estamos entupidos, congestionados e o Eu não consegue entrar; ficamos pairando, depois vem a febre, e o pouco que no sangue existe como substrato do Eu ainda irradia fora devido ao calor, em vez de dar força para o Eu. Talvez algumas pessoas na floresta ou em montanhas muito elevadas nunca tenham tido gripe. Há vários anos grassou primeiro a “gripe asiática”. O que elas têm a ver com o Brasil? Vocês podem notar como algo é retirado do âmbito astral e se irradia para a humanidade. O que acontece com a alma? Por que ela está tão receptiva? Como o homem procede sem considerar os porquês? Qual é o processo de receptividade de “informações” falsas?
 
Já no começo deste século, talvez no final do anterior, Rudolf Steiner sabia as respostas, mas temos que perceber o que ele diz. Em sua autobiografia ele descreve uma estória em relação ao seu aluno. Antes de tornar-se qualquer coisa, Steiner foi um pedagogo curativo. Ele descreve, então, que cuidava de um menino hidrocéfalo, filho de um médico, e conta que esta criança não conseguia concentar-se. E aí Rudolf Steiner desenvolveu o primeiro método do ensino terapêutico: condensar um conteúdo de ensino num mínimo de tempo. Levem isso á sério, concretamente. Lá está um ser com uma ampliação de seu sistema, e devido a isso falta-lhe a capacidade de concentração, ou, devido à falta de concentração o sistema se amplia. É como a questão do ovo e da galinha. Lembrem-se da imagem do germe espiritual. Uma entidade espiritual favorece a estruturação de um corpo, e esta estruturação é planejada de modo que a alma possa usá-la. Portanto a alma determina a qualidade da estrutura que vai usar. Mas a alma desejou um espaço não concentrado, ela escolheu uma situação em que não houvesse necessidade de concentração, e assim surge um hidrocéfalo. Só que essa situação não é vantajosa para a vida na Terra. A partir da percepção disso Rudolf Steiner inventa uma metodologia de cura: concentrar um todo em um mínimo possível. E ele descreve como ficava horas preparando a aula, para transmitir algo em 10 minutos. Qualquer professor faz isso. Se começássemos a recontar aos alunos todos os livros que lemos no preparo, teríamos idosos nos bancos escolares. Fazemos isso meio inconscientemente e devemos conscientizarnos mais para podermos compreender como surgem os erros, e como eles atuam.
 
Rudolf Steiner descreve de modo bem simples 2 coisas: 1) A alma humana como um todo, que pertence ao indivíduo. Nós nos sentimos animicamentre como existentes. Temos dificuldades em dizer aonde termina a alma e aonde começa o Eu. 2)As atividades da alma são pensar sentir e querer. Mas depois a coisa complica. Ele diz que a alma evoluiu, que antes ela era diferente, e que a partir da situação atual podemos prever um caminho evolutivo. Ele começa a falar da cultura persa, dizendo que lá se desenvolveu a alma da sensação, depois, na cultura egípcia, a alma da razão e índole, e em seguida ele faz uma “curva” espiritual interessante dizendo que na época persa se constituiu o corpo astral, de modo a fazer emergir a alma da sensação. Estamos percorrendo 2 linhas evolutivas. A alma da sensação que repousa no corpo astral e que foi “suada” para fora do mesmo é absorvida pela alma como possibilidade de ligar-se ao corpo. A cultura egípcia surgiu pela ligação da alma com os corpos do homem. Isso é Visível na cultura egípcia e na cisão entre a vida e a morte. Dessa cisão se desenvolveu a razão, que na cultura grega se trnsforma em pensar. E podemos perceber o início do desenvolvimento da alma da consciência na estrutura das leis romasnas. O que é lei? É a capacidade de projetar a consciência para o futuro. (Se você fizer isto agora receberá tal castigo depois.) Essa é a base para o surgimento da alma de consciência do homem atual. É interessante que Rudolf Steiner diz que o ano de 1942 dá início à época da alma da consciência, e que isso coincide com a descoberta de América. Aí podemos ver a relação com a compreensão do homem ocidental. Isso torna o assunto complicado. Coma a alma adquiriu os 3 níveis de capacidades e qualifcou-se em determinados âmbitos, temos 3  vezes uma capacidade do pensar, 3 vezes uma capacidade do sentir e 3 vezes uma capacidade do querer. E agora tentem diferenciar isso! Quando uma ação tem sua origem na alma da sensação, da razão ou da consciência? Somente quando uma situação dessas ficar clara podemos notar que a totalidade só pode estabelecer-se como homem quando é dirigida pelo Eu. Mas, como sabemos, a situação das epidemias tem a ver com o fato de que o Eu não realiza sua função, e disso resulta o caos. Lembrando a seqüência de doenças anímicas vocês entenderão o caos.
 
 
Quinta Palestra

Antes de continuar com o tema o Sr Freddy respondeu a algumas perguntas pendentes. A primeira era em relação às epidemias. Já antigamente havia epidemias; o que mudou neste nosso século?
 
RESPOSTA: A última epidemia que vem do passado é a tuberculosa. Cada epidemia vem para “queimar” um certo elemento do âmbito dos sentimentos do homem. Esse processo já vem vindo há milênios e sem se preocupar com a morte de centenas de milhares de pessoas. Neste século está ocorrendo uma condensação, uma concentração de muitas intervenções, e não apenas a nível físico/anímico, mas também a nível anímico/espiritual. Por exemplo, a falta de pudor foi introduzida em meados de nosso século sob nítida forma de um desnudamento. Esse desnudamento tornou-se um problema para a humanidade. Como podemos continuar vivendo com esse desnudamento? Para muitos homens isso representa um desgosto, asco, e não percebemos que esse sentimento está sendo provocado. Isso atinge a vida como um todo, levando à negação da mesma. Se, por exemplo, a televisão mostra filmes de balé russo ou outra dança, o que vemos? 70% do tempo vemos o rosto dos dançarinos, em close, (esta é a imagem do homem quando dança), da dança propriamente quase nada se vê. Ou então são mostradas pernas e pés, sem que saibamos a quem pertencem. Isso provoca irritação nas almas, isso é percebido, embora não conscientemente. Notem também como o medo generalizado se transforma em terrorista, que aquilo que os jovens manifestam é uma astralidade desenfreada. Tudo isso são ataques ao cerne do homem. Não há mais ações de limpeza, e essa é a diferença das epidemias de antes de 1899 e depois de 1899. o que foi dito aqui não é tão simples como parece, mas bem mais complicado. O homem não tem apenas um corpo astral, mas dois. Rudolf Steiner descreve que nossa astralidade é composta por dois elementos. O princípio desenvolvimento na cultura persa foi a dualidade, mas antes disso o homem já tinha um corpo astral. Embora hoje os hindus sejam vegetarianos, em tempos antigos eles eram caçadores. O vegetarianismo é bem mais recente, surgiu cerca de 700 a 800 a.C. Nos outros continentes foi igual. O corpo astral que existiu antes da época persa se soltou do corpo físico e é aquele portador das cobiças, desejos, vontade de caçar, etc. aquilo que provém do animalesco do homem. Este se espirala de baixo para cima.

Outra pergunta se referia à “gestação” do Eu tendo em vista o desenvolvimento para o espiritual.
RESPOSTA: Também na época persa surge aquele Ser Solar elevado que se opõe ao Ser Sombrio, escuro, que vem da Terra. Ambos se reúnem no homem.


(desenho) Ser Solar / Ser Sombrio (Parece um redemoinho)


O ponto de encontro das 2 espirais está no plexo solar e quando levamos um choque, quando algo estoura, as 2 espirais se soltam, e se não estivermos atentos ocorre vertigem. Um soco forte na região do plexo também ocasiona uma vertigem, que é um sintoma dessa soltura. O processo de excarnação depende dessa soltura, bem como o adormecer. Como conseqüência disso o corpo etérico pode expandir-se. O ponto em que as espirais se juntam é o ponto focal que permite a entrada no corpo físico. Ao adormecer, o corpo astral solta-se, expande-se e permanece ao redor do corpo físico. Qualquer garrafa fechada com uma tampa rosqueada mostra essa situação. (Ver o desenho). Se as geladeiras forem tais que não possamos colocar as garrafas em pé, temos que deitá-las. Se a rosca não estiver bem fechada, o líquido escorre. Esta é uma contra-imagem para o que ocorre quando o homem não usa a alma da consciência. Se não fecharmos a rosca, a nossa etericidade se esvai. Temos como que uma cauda de véu de noiva que se arrasta atrás de nós. Rudolf Steiner descreve que sempre carregamos um certo número de seres elementares nas costas. É o que ocorre. Eles se divertem nas nossas costas enquanto estamos cansados, sem vontade, e não atingimos as crianças, etc. Se as crianças, inconscientemente, percebem uma desordem nessa organização, porque deveriam interessar-se? (O circo atrás de nós nada tem a ver com a aula.) A permeação corresponde a levar a consciência da “apara” da espada à sua ponta. A junção das espirais corresponde à ponta da espada. Se Micael não consegue fincar a espada por não encontrar um ponto de apoio para ela, a espada fica pendurada por aí. Ao olhar clarividente podemos até ser bonitos, mas a aula tem que ser dada pelo Eu, que vem da região do “meio”, e isso aparece nas palavras. Dar aula significa transmitir os conteúdos da Crônica do Akasha, e isso é trazido pelo Eu, do “meio”. Os conteúdos vem da biblioteca e os livros contém os conteúdos da Crônica do Akasha. Rudolf Steiner diz que, se não tivermos condições de trazer o elemento espiritual para dentro de nossas palavras, as crianças não poderão se unir ao Arcanjo de sua língua, pois durante a noite não conseguem encontrar o equivalente ao que ouviram de dia. Assim elas perdem o contato com o Espírito do Povo, e o resultado disso está à nossa volta: falta de respeito, falta de pudor, egoísmo, nenhum sentimento pela verdade, medo, desregramento. As ligações com as forças que dirigem o povo não existem mais e daí o anseio pelo esotérico ser cortado. Os jovens só voltarão ao esotérico por meio do sofrimento, e é isso que vemos hoje em dia: tantos jovens passando por sofrimentos anímicos (mesmo torturas), não conseguem tomas decisões, não conseguem manter relacionamentos inter-humanos, não querem fundar famílias, etc. O ponto de partida para essa situação é o conteúdo das palavras que o professor emite, e nenhum outro. A separação do Eu mais corpo astral de toda a configuração anímica depende do modo como o professor acorda de manhã. Nada de grandes meditações ou exercícios de ioga: é só fechar bem a rosca da garrafa e começar o dia. O Eu vem por si, desde que a rosca esteja bem fechada. Essa imagem combina muito bem com a situação humana. Ainda outro fator complicador: o eu que nós denominamos “eu” não é o Eu que nós levamos para a classe. Querendo ou não, na situação de classe somos ativos num outro nível. Fala-se do “espírito” da classe, e que o professor é a consciência para o Eu da mesma. Se levarmos isso á sériu sairemos logo pela porta, pois com a nossa consciência de seres humanos não dá para realizar isso. Por sorte existem Anjos e o Eu superior, mas este necessita da situação de encarnação descrita antes, senão ele não consegue intermediar. Portanto, não devemos oferecer apenas essa situação de encarnação ao Eu superior, mas também formar o receptáculo ao qual o conteúdo das informações pode ser transmitido. Não podemos espalhar astralidade por aí, pois assim não atingiremos os alunos: disso resulta apensa falta de vontade, ou barulho exagerado na sala, e a aula não acontece. O receptáculo através do qual podemos oferecer algo é a Arte. Na laringe encontramos o artista no homem. Existem 3 artes: imaginação, inspiração e intuição. O professor nada mais tem a fazer senão transmitir essas 3 capacidades. E dessas 3 capacidades resultam a dicção, a eurritmia, a música, a pintura, a modelagem, a dança, etc. Trata-se simplesmente da transformação das capacidades da alma pelo Eu, e não é possível aprofundar isso, pois seria muito longo. Mas vocês podem deduzir como as capacidades da alma podem influir artisticamente no mundo pela atividade da alma. A alma das sensações tem a capacidade de ligar ao mundo físico. Por trás dela está o círculo dos 12 sentidos; as vivências do mundo físico vão para a alma da sensação por meio dos 12 sentidos e posso fantasiá-los e fazer um carnaval eterno. Com essas percepções sensórias posso representar qualquer coisa. Por meio da alma da razão e da índole posso formar, estruturar o mundo de sentimentos sociais contando biografias. Só as biografias despertam o interesse do tipo: quem era esse homem, esse primeiro camponês que começou a lavrar a terra? (Terceiro ano escolar) Uma biografia não precisa ser sempre de uma pessoa concreta, pode ser criada para formar um centro na classe. Dêem ao espírito da classe um ser para dentro do qual ele possa encarnar-se. Esse ser nós criamos até que chegamos à época históricas, onde apresentamos biografias reais, e a partir daí fazemos biografias para todas as matérias. Isso pode ser feito até o início do ensino das ciências; os primeiros anos de Física e Química podem ter essas fantasias. Quando têm 15-16 anos, eles querem fatos reais, aí a coisa muda. A arte da biografia, a representação viva da essência de um ser pode ser conseguida pela alma da razão e da índole. É fantástico como Zaratustra como um equilibrista sobre a corda bamba, alguém que com os seus pensamentos se equilibra sobre a corda. Podemos juntar aí todas as atividades artísticas. Chegamos à alma da consciência. Não é proibido, já no primeiro ano escolar usar a alma da consciência. Quando recordamos o que foi feito antes, fazemos o que tiver que ser feito hoje e propomos algo para amanhã, estamos fazendo o melhor exercício para o desenvolvimento da alma da consciência, principalmente se no dia seguinte realizarmos o que foi proposto no dia anterior. Essas 3 capacidades da alma são o recipiente que preenchemos com a arte; basta apenas usá-las. É mais fácil do que a forma tradicional de ensino. Freqüentemente contorcemo-nos interiormente de maneira doentia para tornar vivo um conceito; é o princípio da mola de brinquedo, que nunca tem uma forma. Nossas 2 espirais são como molas de um colchão, que têm a forma do acordo como deitamos nele. Podemos representar o corpo astral como sendo constituído de 2 espirais sempre em movimento entre si, vindo uma ao encontro da outra. Cada movimento respiratório representa a entrada e a saída do corpo astral, aliás, todos os movimentos em equilíbrio têm a ver com o copo astral. A alma repousa, pois integra-se no corpo físico do corpo astral. Por volta dos 4,5,6 anos, a criança liga as 2 espirais; é a fase em que ela saltita sem parar, incansável.
Falta agora apresentar as ligações com a época atual, observando as doenças do âmbito anímico. Que no futuro detonarão doenças físicas diferentes. Podemos esperar epidemias mais graves e diversas para o próximo século, das quais a AIDS é um precursor ameno. Temos que saber como as posturas anímicas penetram na alma.
A alma da sensação desenvolveu-se como primeiro membro de alma e na cultura persa ela teve seu impulso originador para atuar. Já antes havia uma alma. O Homem é um ser provido de alma desde o início, mas esse ser anímico era organizador em relações de povos ou familiares. Para tornar realidade o desenvolvimento de Eu a alma tinha que se estruturar em algo individual, formando um corpo astral individual. Assim, na época persa a alma da sensação teve seu impulso para desenvolver-se na época egípcia. Neste período teve impulso a alma da razão e índole. Pitágoras PE um dos primeiros representantes da alma da razão, ele antecipou a cultura grega. Na cultura greco-romana foi desenvolvida a alma da razão e índole e durante a fase romana começou o impulso para alma da consciência, que está em desenvolvimento agora, em nossa época. Temos que conscientizar-se de 2 fatos. 1) As almas da sensação, da razão e índole e da consciência existem desde o Antigo Saturno. Assim como cada uma de nossas almas já existia, nosso corpo etérico individual está em casa no âmbito etérico universal, como também nossas moléculas foram tiradas do âmbito físico da Terra. Temoa a Terra como ponto de partida do corpo físico, todos somos criados da mesma substância. 2) Temos um Eu que é da mesma espécie que dos outros eus, cada um de nós se espelha em algo da mesma espécie. No meio temos aquilo que se desenvolve individualmente: a alma. As forças adversas, que querem tomar posse do corpo, estão muito interessadas em saber como fazê-lo. A alma da sensação é um elemento de ligação com a estrutura inferior do homem, sua corporalidade, ou seja, ela está integrada por meio dos sentidos no reino físico. Neste século temos o cinema, a TV, andar de carro, que equivale a cinema de rodas, alimentos coloridos artificialmente de todas as cores, vestimentas, etc., tudo para atar, aprisionar a alma da sensação no reino mineral. Sabemos quem está por trás disso: Árimã está trabalhando intensamente para trazer a alma para o mundo mineral. Por outro lado temos a alma da consciência que, com a forma de pensar do homem ocidental, quer ter o futuro no presente, e assim tira a alma totalmente do agora, da realidade presente. O interessante é que na primeira metade deste século os filmes vindos de Hollywood tinham a tendência voltada à alma da sensação sendo que os filmes atuais tem a tendência da ficção: super-homens com capacidades esotéricas muito desenvolvidas, que prevêem o futuro, etc. Por exemplo, um seriado que está passando no mundo todo, “Jornada nas estrelas”, trata de uma nave que está em viagem eterna, vai ao futuro, volta, pessoas se dissolvem e se materializam de novo, etc. A alma da consciência mal consegue abranger o amanhã e isso vai muito além! Naturalmente fazemos planos para o próximo ano, mas sabemos que há condições para isso. Temos, portanto, a tendência de que estes 2 âmbitos querem interferir no âmbito da alma da razão e índole. Eu tinha dito o que ocorre quando o professor na aula trata da biografia. Minha vida – Eu. Minha biografa é o conteúdo do meu Eu, que eu trouxe da preparação de meu destino e que tento realizar como carma, além de preparar para a próxima vida. No âmbito da alma da razão e índole temos a biografia, a vida ocupada pelo Eu, que se mantém viva pelos alimentos provindos da Terra, decorrentes do Ato de Cristo. Na biografia o Eu pode entrar. Vemos novamente o receptáculo criado pelas artes, vocês conhecem a “arte de viver” (“Lebenskunst”), que significa transformar a própria biografia em arte de viver. Vocês podem emprestar as capacidades dos artistas sem serem especialistas nas diferentes artes enquanto se escolam na arte de viver, mas não podem modelar, pintar a arte de viver. Para desenvolver a arte de viver temos que preencher a vida com conteúdos espirituais, conteúdos do Eu. Se o nosso Eu for ativo esotericamente, isso se transmite, sem o nosso esforço, ao ambiente que nos rodeia. Isso vale principalmente para o professor que vive com a sua classe dia e noite.
Não podemos atuar como homens completos a partir da alma da consciência pois Lúcifer ainda tem muitas possibilidades nesse âmbito. Não devemos, porém, deixar de tentá-lo e devemos enfrentar Lúcifer nesse âmbito através da consciência do Eu. O mesmo ocorre no âmbito da alma da sensação, pois a cultura egípcia não logrou superar totalmente o medo da morte. Ainda temos isso hoje. Só o âmbito intermediário ainda permite que nos mantenhamos como seres humanos globais.
Para finalizar, temos o querer relacionado à alma da sensação, o sentir, à alma da razão e índole, e o pensar à alma da consciência, que são as atividades básicas para as referidas, almas. Todo o sentido da Antroposofia está na realização dessas transformações (a seta no gráfico abaixo). O equilíbrio está no sentir. Se pudermos manter o equilíbrio dentro da alma da razão e índole, podemos realizar o pensar com vontade, e podemos permear o querer com o pensar. Desse modo podemos fazer de Lúcifer e Árimã servos da alma humana. Mas naturalmente não da minha alma ou de outro indivíduo, mas voltamos ao âmbito da alma cósmica, que é a necessidade para o futuro. Se isso for feito, as doenças anímicas serão equilibradas e poderemos transformá-las. Se a doença estiver no pensar, poderemos estruturá-la, dissolvê-la pelo quere; se os problemas estiverem no querer, poderemos ordená-los por meio do pensar. Neste sentido voltamos à situação do equilíbrio, o Eu tem que penetrar no âmbito da alma da razão e índole. Voltamos para a primeira figura, temos o espaço livre dentro de nós e este espaço é um espaço espiritual, que está fora do tempo e do espaço. Trata-se de um estado e nesse estado a temporalidade da alma pode encontrar um espaço, criar para si um espaço para poder existir.
Terminando quero citar a Bíblia: “Os lobos e os animais têm um lugar onde podem descansar suas cabeças, mas eu não”. Esse espaço livre é o lugar onde o Eu pode descansar a sua cabeça.









QUERER SENTIR PENSAR


PÉRSIA A.da sensação
(em formação)

ÁRIMÃ

EGITO A. da razão e
índole
(em formação)

BIOGRAFIA

GRÉCIA/ROMA A. da consciência
(em formação)

LÚCIFER

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