Histórias
Do burro que levou Maria e a Criança - 3ª semana do Advento
O rei Herodes, o terrível, tinha mandado os seus soldados irem com lanças e espadas para matar todas as crianças abaixo de 2 anos. – A noticia de que nasceu Jesus se espalhou que nem fogo na terra, e também Herodes a escutou. Chamou os seus ministros e conselheiros e conferenciava com eles atrás de portas fechadas. Os anunciadores de mensagem haviam dito que a criança recém nascida era denominada “O Rei dos Reis” e era “O Senhor dos Exércitos”, e que haviam chegado de terras longínquas, magos sábios para honrar a nobre criança. – o rei Herodes começou a temer pela sua coroa e sorte e ordenou a terrível matança. O país se tornou um único gemido de mães que irradiavam das montanhas para as alturas em forma de eco.
E os três tinham que abandonar o local do nascimento; procurar uma terra longínqua, fora do alcance do assassino, mas o caminho para lá era cheio de dificuldades, atravessava áreas arridas e desertas, montanhas e rios caudelosos, calor e frio ao mesmo tempo. Á pé, os pobres não podiam ir pela longa caminhada. Alguém precisava ajudar. José foi ao cavalo pedir que levasse a mãe e a criança. Mas o cavalo era surdo e fez de conta que não ouviu o pedido e continuava comendo a palha da manjedoura. Maria foi ajudar José com seus pedidos, que eles estavam sendo perseguidos, e que só o cavalo mais veloz os poderia salvar de Herodes. Mas o cavalo não virava a sua cabeça, olhava Maria de lado e continuava a comer, mastigava a aveia e abanava o rabo como cuerendo se livrar de algo desagradável e levantou a pata para dar coices. Ai, o menino Jesus deu um suspiro, - o cavalo ficou irrequieto, para nada escutar enfiou mais a cabeça no barril de comida e comeu mais ainda, mas ele comia e comia, porem continuava sempre com fome, fome que até hoje persiste com ele. Se encheu de palha e aveia, e não conseguia se saciar e desde aquele gemido do Menino Jesus permanecia com fome o resto do tempo. Assim também o seu filho e todos os seus descendentes. Mesmo quando ele acaba de sair do cocho ainda tem que comer das árvores e tudo cresce no caminho mesmo a grama que cresce entre as pedras das ruas calçadas.
Daquela época em diante, quando se negou a levar Maria e o Menino Jesus, o cavalo carrega pessoas que são os seus donos, puxa carroças pesadas. –assim o orgulho do cavalo se acabou.
Maria e José entreolharam-se e continuavam sem solução. Foram ao burro e fizeram o mesmo pedido. Este levantou as suas orelhas para escutar melhor e apesar de não entender nada de montaria, ele imediatamente falou: i-a, i-a. ele abandonou o seu alimento escasso, embora não estivesse bem alimentado, tanto que se podia contar as costelas no seu lombo. Mas ele tomou Maria e a criança nas costas e quando na noite escura saíram da cidade relinchava de alegria porque agora podia se um animal de montaria tal qual o cavalo.
Assim eles partiram: na frente o pai José no seu manto de capuz e com a sua sacola de ferramentas, na mão levava uma lanterna para iluminar o caminho e rezava ni ritmo de seus passos pesados. A corda na qual ia o animal ele havia amarrado na cintura. A mãe com seu manto longo montava o burro. Maria sentia-se como uma rainha. Ela carregava a criança nos braços, baixava a cabeça e agradava a criança com suas palavras mais carinhosas. – Assim eles se foram.
No decorrer do caminho o dorso do animal ficou ferido pela sela áspera, as moscas se alojaram na ferida viva. Não havia ninguém que poderia dar um conselho. O burro levava firme a sua carga com dor e paciência e não reclamava quando faltava comida. Só às vezes gemia i-a, i-a. chegaram numa casa onde havia uma mula com o filhote. A mula tinha um saco cheio de grama.
-Dê um pouco de grama para o nosso burrinho, implorou José.
-“Eu mesma tenho tão pouco.” Disse a mula.
-“Então, venha conosco e leve Maria e a criança até que sarem as costas do burro.”
-“Levem vocês mesmos a carga, pelo pagamento de Deus, - Burro é Burro.” – Esta era a resposta da mula. Deus escutou a conversa e viu o abandono dos três e reprimindo a mula fez morrer a sua cria.
Foi a última mula dessa espécie. As mulas até hoje não procriam. Os três retomaram a viagem. Maria tinha amamentado Jesus e um pouco do leite caiu na ferida do burro. A ferida sarou imediatamente.
José agradeceu a Deus, rezou e fez o sinal da cruz no dorso do burro. A marca da cruz continuou no pêlo do burro de geração em geração. E o burro permaneceu paciente e modesto.
Na longa viagem aprendeu a comer até cardos agrestes. Gostava da comida, mais do que o cavalo da sua aveia.
Na sua modéstia, a vida dura nunca o incomodou e desta maneira se espalhou no mundo inteiro e se orgulha quando um ser humano é chamado de burro. Pois ele sabe melhor o que é um verdadeiro burro.